A OPÇÃO DE JESUS PELO AMOR

I-JESUS E O LUGAR CENTRAL DO AMOR
Jesus sabia muito bem que o amor é a única dinâmica capaz de ajudar a pessoa a realizar-se de modo equilibrado e feliz.

Foi esta a razão pela qual ele fez do amor o seu mandamento. O judaísmo do seu tempo tinha uma multidão de mandamentos, normas e preceitos.

Esta multiplicidade de leis, ritos e preceitos eram de tal modo numerosos que muitas vezes os sacerdotes e doutores da Lei sentiam confusos perante esta multiplicidade de leis e preceitos.

Jesus era um excelente conhecedor de Deus e do Homem. Ao aperceber-se da inutilidade de tantos mandamentos e preceitos Jesus resolveu resumi-los a um só um mandamento:

“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

São Paulo entendeu muito bem a opção de Jesus pelo amor e a sua atitude perante a Lei. Por isso ele não hesitou em declarar que a Lei não tem qualquer valor para a salvação.

Eis o que ele diz na Carta aos Gálatas: “Nós acreditamos em Cristo Jesus. De facto, nós somos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, pois nós sabemos que ninguém é justificado pelas obras da Lei” (Gal 2, 16).

O evangelho de São Mateus põe na boca de Jesus uma afirmação com um alcance enorme.
Segundo essa afirmação, Jesus não veio para anular a Lei, mas sim para a cumprir de modo pleno.

Com estas palavras, Jesus queria dizer que a maneira de realizar de modo perfeito as grandes aspirações mais autênticas da Lei é amar (Mt 5, 17).

São Paulo vai exactamente nesta linha quando afirma: “Amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei ” (Rm 13, 8).

E logo a seguir acrescenta que o amor é o pleno cumprimento da Lei (Rm 13, 10).

II-SÃO PAULO E O MANDAMENTO DO AMOR

Inspirado nos ensinamentos de Jesus, São Paulo compôs um hino que é das coisas mais belas que alguém escreveu sobre o amor:

“Ainda que eu fale as línguas dos anjos e dos homens, diz ele, se não tiver amor não passo de um bronze que soa e faz barulho.

Mesmo que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência. Ainda que tenha uma fé tão grande que possa mover montanhas, se não tiver amor, nada sou.

Mesmo que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é paciente e prestável. O amor não é invejoso nem arrogante. O amor não é orgulhoso, não faz nada de inconveniente e não gira sempre à volta do seu interesse.
O amor não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.

O amor desculpa tudo e acredita sempre. Espera tudo e tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13, 1-8).

Jesus convidou os discípulos a amar ao jeito de Deus, isto é, a viver o amor como caridade. Eis o que ele diz no evangelho de São Mateus:
“Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Eu, porém, digo-vos: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.

Fazendo assim tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céus, o qual faz com que o sol se levante todos os dias sobre bons e maus e faz cair a chuva sobre justos e pecadores (…).
Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48). De tal modo o jeito de Jesus amar se identificava com o amor do Pai que um dia ele disse a Filipe:

“Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Jesus reforçou esta verdade com uma afirmação magnífica, quando disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Amar ao jeito de Deus significa tender para o amor universal: É este o jeito de amar que nos torna cada vez mais semelhantes Ao próprio Deus.

Por terem sido criado à imagem de Deus, as pessoas humanas têm a capacidade de querer bem aos outros e ajudá-los a ser felizes.

Mas os cristãos, graças à Palavra de Deus e à acção do Espírito Santo que actua no seu íntimo, estão capacitados para amar com amor caridade que é o jeito de Deus amar.

Tentando imitar o jeito de Deus amar, os cristãos tornam-se um sinal de Deus para o mundo.
Procedei de tal modo que as pessoas olhando para o vosso modo de amar e estar na vida os homens dêem glória ao vosso Pai que está nos Céus (Mt 5, 13- 17).

Isto quer dizer que o amor caridade faz dos cristãos sinais da presença de Deus. O amor e o bem que fazemos ao próximo é sentido por Jesus como tendo sido feito à sua pessoa, diz o evangelho de São Mateus (Mt 25, 40).
III-CONVIDADOS A AMAR A DEUS E AOS IRMÃOS
A densidade e o jeito com que amamos os irmãos modela a densidade e o nosso jeito de amar e comungar com Deus.

A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor (1 Jo 4,7). Como o Homem foi criado à imagem de Deus, então temos de dizer que os seres humanos estão moldados para o amor.

O amor é o único dinamismo capaz de estruturar a pessoa humana de modo equilibrado. Quando amamos o irmão, este apercebe-se de que uma porta se abriu para si.

Nasce nele uma nova força, pois começa a sentir que tem alguém com quem pode contar. Quando se sente amada, a pessoa sente-se mais forte e cresce nele a confiança e a auto estima.

Muitos dos problemas do ser humano, ao sentir-se amado, começam a encontrar solução. À medida que o nosso amor se torna universal, tornamo-nos capazes de eleger os outros como irmãos para lá da língua, da raça, da cultura e da nacionalidade.

Nestes momentos, o nosso coração sente-se capacitado para participar de modo mais perfeito na comunhão universal do Reino de Deus.

Jesus pede-nos para amar com este sentido de universalidade, a fim de todos caberem nas nossas atitudes de amar e bem-querer.

Eis alguns dos ensinamentos que Jesus nos faz no evangelho de São Mateus:
“Se amais apenas os que vos amam, que recompensa haveis de tereis? Os publicanos também fazem o mesmo.

Se saudais apenas os da vossa raça, que fazeis de extraordinário? Não fazem assim também os pagãos? Sede perfeitos no vosso modo de amar, tal como o vosso Pai do Céu é perfeito” (Mt 5, 46-48).

Os cristãos estão chamados a amar com amor caridade, isto é, a viver a dinâmica de bem-querer com uma medida universal.

O amor caridade torna-nos semelhantes a Deus, pois é com este jeito que Deus ama. Quem não ama os irmãos, diz a primeira Carta de São João, não é capaz de conhecer a Deus, pois Deus é Amor:

“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus.

Aquele que não ama não chega a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (Jo 4, 7-8).

O amor não é uma teoria. Pelo contrário, traduz-se sempre em gestos e atitudes concretas para com aqueles que elegemos como os irmãos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias






















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