JESUS CRISTO COMO NOVO ADÃO

Assim como todos morrem em Adão, diz São Paulo, do mesmo modo todos ressuscitam em Cristo, o Novo Adão, (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

O Livro do Génesis diz que Adão, depois do pecado, foi expulso do Paraíso no qual estava a Árvore da Vida.

A importância desta Árvore consistia no facto de o seu fruto proporcionar a vida eterna às pessoas que o comessem.

A Árvore da Vida significa que Deus não nos criou para a morte. A morte veio porque Adão, com o seu pecado, impediu o Homem de ter acesso à Árvore da Vida.

O Livro do Génesis diz que ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida (Gn 3, 23).
Como cabeça da Humanidade, Adão fazia um todo orgânico, interactivo e dinâmico com os seres humanos.

Jesus Cristo, diz São Paulo, surge na marcha da História da Humanidade como o Novo Adão, que veio restaurar as distorções operadas por Adão:
Assim como todos morrem em Adão, do mesmo modo todos ressuscitam, graças ao Novo Adão (Rm 5, 17-19).

No momento de morrer e ressuscitar, Jesus abriu de novo as portas do Paraíso, como ele mesmo disse ao Bom Ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Deste modo, Jesus desfaz o laço da morte no qual Adão se tinha enlaçado com toda a Humanidade.
Além disso, Jesus revela-se também a Árvore da Vida, pois é ele que nos dá o Espírito Santo que é o princípio ressuscitador e, portanto, o fruto da Vida Eterna.

Eis o ensinamento de Jesus no evangelho de São João quando fala da Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56).
À luz do evangelho de São João, o fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo.
Ele é, acrescenta Jesus, a Água Viva que faz brotar no nosso coração uma fonte inesgotável de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

Ele é a dinâmica da salvação que emana de Cristo ressuscitado. É o fruto da Vida Eterna que o Novo Adão nos proporciona.

São Paulo realça com muita ênfase a diferença entre o Velho Adão e o Homem Novo, Jesus Cristo, o Novo Adão:

“Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo.
Tudo isto nos vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19.
A Primeira Carta aos Coríntios diz que o primeiro Adão era um ser vivente, graças ao hálito da vida que Deus lhe comunicou no princípio (cf. Gn 2, 7).

O Novo Adão, pelo contrário, tornou-se um Espírito vivificante, pois ao ressuscitar difundiu para nós a força ressuscitadora do Espírito Santo, faz de nós uma Nova Humanidade (1 Cor 15, 42-45).

O Espírito Santo é o sangue vivificante de Deus que alimenta e dinamiza a união orgânica que nos liga ao Pai e ao Filho (Rm 8, 14-16).

Eis as palavras da Segunda Carta aos Coríntios: ainda que o nosso corpo, com os anos, se vá gastando e envelhecendo, a nossa interioridade espiritual vai-se tornando cada mais robusto pela acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).

O primeiro Adão conduziu-nos para o caminho do fracasso universal. O Novo Adão guiou-nos para o caminho da comunhão com Deus, obtendo o perdão do nosso pecado e a nossa reconciliação com Deus (2 Cor 5, 19-21).

São Paulo diz que estamos organicamente unidos ao Novo Adão, pois somos membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).

O evangelho de São João diz que nós somos os ramos da videira cuja cepa é Jesus Cristo:
“Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5). O evangelho de São João diz que a Eucaristia é a proclamação da união orgânica que nos liga a Cristo:

“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo o que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).

É este o fruto da Árvore da Vida que nos vem por Cristo ressuscitado, o Novo Adão. O velho Adão, devido ao seu pecado, foi causa de morte para nós (Gn 3, 22).

Eis algumas alegorias do Livro do Apocalipse, as quais simbolizam Jesus como a Árvore da Vida:

“ No meio da Praça da Cidade, junto às margens do rio, está a Árvore da Vida, a qual produz doze colheitas de frutos: em cada mês o seu fruto.

As folhas da Árvore servem de medicamento para todas as nações” (Apc 22, 2). Noutra passagem, o Livro do Apocalipse contempla a multidão dos eleitos a receber de Deus o fruto da Árvore da Vida, o qual lhes proporciona a Vida Eterna:

“Ao vencedor dar-lhe-ei a comer o fruto da Árvore da Vida que está no Paraíso” (Apc 2, 7). Depois fala dos que mantiveram as vestes limpas, isto é, aqueles que mantiveram o amor no seu coração.

“Felizes os que lavam as suas vestes para ter acesso à Árvore da Vida” (Apc 22, 14). A Primeira Carta de São João diz que os eleitos conhecem Deus através do amor:

“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Depois acrescenta: “Nós amamos porque Deus nos amou primeiro.

Se alguém disser:”Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é mentiroso, pois quem não ama o seu irmão que vê não pode amar ao Deus que não vê” (1 Jo 4, 19-20).

E a Primeira Carta de São João culmina esta linha de pensamento dizendo: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).

São Paulo vai nesta mesma linha quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5,5).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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