Graças a Jesus Cristo, a Humanidade deu um salto de qualidade, entrando na plenitude dos tempos, isto é, na fase do nascimento dos filhos de Deus. Os tempos que precederam o acontecimento foram os tempos da gestação. A plenitude dos tempos representa o parto através do qual nascem os filhos de Deus pela difusão do Espírito operada por Jesus Cristo ressuscitado.
Eis o que diz São Paulo nas Carta aos Gálatas: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de receberem a adopção de Filhos. E porque sois filhos Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: “Abba, Pai querido. Deste modo já não somos escravos mas filhos e, portanto, herdeiros pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).
O conteúdo fundamental da plenitude dos tempos, portanto, implica a incorporação da Humanidade na Comunhão Familiar da Santíssima Trindade, mediante o Espírito Santo. Eis como a Carta aos Romanos exprime este mistério: “Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus” (Rm 8, 14).
A expressão “Plenitude dos Tempos” leva consigo um sentido de entrada no limiar dos acabamentos do projecto humano, isto é, a sua divinização. É a última etapa, isto é, a fase final da marcha histórica da Humanidade a caminhar para a plenitude da comunhão Familiar de Deus. Por outras palavras, o projecto humano está na fase dos acabamentos que é, como vimos, a sua divinização. Isto quer dizer que a marcha histórica da Humanidade deu um salto de qualidade, graças ao mistério da Encarnação.
Mas foi com a ressurreição de Cristo que a condição divina de Jesus de Nazaré se difundiu pela Humanidade. Ao ressuscitar, Jesus Cristo entrou nas coordenadas da universalidade, isto é, da equidistância e da comunhão universal. Nesse momento o Senhor ressuscitado tornou-se o coração do Homem Novo assumido de modo orgânico na comunhão da Santíssima Trindade, com a qual estamos unidos e interactivos para sempre.
Jesus é, na verdade, o ponto de encontro do Humano com o divino. Se olharmos atentamente as Sagradas Escrituras verificamos que é enorme a cadeia dos acontecimentos que conduziram a Humanidade até Cristo que é o início e a plenitude da Humanidade.
Para o Antigo Testamento, o Messias é alguém que havia de vir para realizar a intervenção decisiva de Deus, condição para a Humanidade atingir a meta da comunhão com a Divindade. Através do Messias, o descendente de Abraão, viria a bênção universal que atingirá todas as famílias da terra, diz o Livro do Génesis (Gn 12, 3).
O Novo Testamento apresenta Jesus Cristo como a realização das esperanças que foram brotando ao longo do Antigo: Jesus é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5). Em Jesus ressuscitado, a Humanidade pecadora é definitivamente reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19). São Paulo diz que Jesus Cristo é o Novo Adão que repara as distorções provocadas no tecido da Humanidade pelo primeiro (Rm 5, 17-19).
O evangelho de São João diz que Jesus é o único caminho para chegarmos ao Pai (Jo 14, 6). O caminho foi aberto pela ressurreição do Senhor. São Mateus explicita esta verdade dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus, o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mt 27, 51).
O véu do templo separava o santuário onde estava o povo e o Santo dos Santos onde Deus se tornava presente.
Ninguém tinha acesso ao Santo dos Santos a não ser o sumo-sacerdote, a fim de obter as bênçãos de Deus para o povo. Com a ressurreição de Jesus, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo e, portanto, todos ficam com acesso directo a Deus como membros da Família Divina, diz São Paulo (Rm 8, 14-17). Graças ao facto de termos sido divinizados por Cristo, diz a Primeira Carta aos Coríntios, Deus habita nos nossos corações e nós somos o Novo templo de Deus (1 Cor 3, 16).
No evangelho de São João, Jesus diz que a nossa vida será fecunda na medida em que estejamos organicamente unidos a Cristo como os ramos da videira estão unidos à cepa, isto é, de modo orgânico (Jo 15, 4-6). O Novo Testamento é o testemunho da Nova Aliança e a garantia de que a fase final da História está inaugurada.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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