A TERESA E A FECUNDIDADE DO AMOR

A história da Teresa é um testemunho de fidelidade aos apelos de Deus e um hino de louvor ao Espírito Santo que a capacitou para amar sem fingimento.

Graças ao Espírito que a habitava, a Teresa soube realizar-se como árvore fecunda, pois a sua vida foi rica em gestos de doação e fraternidade.

No momento de partir para o Pai, a Teresa estava consciente e tinha a expressão de alguém que está a transpor o último degrau para entrar na plenitude da Vida:

Um leve sorriso foi o sinal que imprimiu um sentimento de paz naquele rosto enrugado e sereno do qual irradiava a bondade que sempre habitou o seu coração.

A sua realização pessoal é o resultado de quase noventa anos de decisões, escolhas e projectos marcados com o selo do amor.

A sensatez foi o condimento que foi conferindo sabor de autenticidade à história bonita da Teresa.
De entre as muitas pessoas que se cruzaram com ela durante a sua longa da vida, nenhuma ficou mais triste ou mais pobre pelo facto de a ter encontrado.

Tinha um jeito muito sereno de se relacionar com as outras pessoas, deixando nelas as impressões digitais do amor.

Chegou ao fim da sua história com a feliz sensação de ter dado o melhor de si. Eis a razão pela qual a sua partida para a plenitude foi vivida pela Teresa como um acontecimento jubiloso.

Comunicava as coisas mais sublimes com uma linguagem simples e sem pretensões de qualquer espécie.

As suas palavras exprimiam a verdade profunda e a coerência do seu ser.Ouvi-lhe dizer muitas vezes que tinha saudades de Deus!

Pouco a pouco fui-me apercebendo de que, para a Teresa, Deus era realmente uma questão primeira, coisa muito rara entre os seres humanos, exceptuando os profetas e os santos.
Agora já podemos entender a razão pela qual o momento solene da sua partida foi algo tão ardente e esperado.

Durante a sua vida na Terra, a Teresa construiu uma infinidade de laços de amor e comunhão fraterna.

Por isso, o momento de entrar na plena comunhão da Família de Deus conferiu plenitude aos encontros de amor e comunhão que a Teresa realizou ao longo da vida.

Enquanto viveu na História, o seu jeito de comunicar estimulava as pessoas a criar laços de amor e comunhão.

Por isso levou como identidade definitiva o seu jeito de comunicar e amar, bem como o seu modo peculiar de sorrir e dar as mãos.

As pessoas que assistiram àquela partida cheia de certezas de vida eterna, comentaram entre si:
“A Teresa acaba de entrar na plenitude da Vida Eterna e já vive a felicidade do Reino de Deus.
Já está plenamente assumida na festa do face a face com Deus e os irmãos”.

Na verdade, a identidade espiritual de uma pessoal é o seu jeito de amar e comungar. É esta a veste nupcial com a qual as pessoas humanas são assumidas e incorporadas na morada de Deus e dos muitos milhões de eleitos que a habitam.

Sim, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

Foi esta a morada na qual a Teresa deu entrada no próprio momento de morrer. Aí, cada pessoa interage e comunga com Deus e os irmãos com o jeito que treinou enquanto viveu na terra.

Isto quer dizer que a pessoa, no Reino de Deus, se possui na medida em que interage amorosamente com Deus e os irmãos.

Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão amorosa.

É assim a plenitude da vida: A participação na Família de Deus, onde a interacção das pessoas é optimizada pela ternura maternal do Espírito Santo.

A Carta Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

E um pouco mais à frente acrescenta que as pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são assumidas na Família de Deus como filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

A morte da Teresa ajudou as pessoas a compreender o sentido da vida e a salvação como um mistério de comunhão orgânica e dinâmica com Deus e os irmãos.

Quando Deus ocupa o primeiro lugar na vida de uma pessoa a sua vida está cheia de sentido e o seu coração está pleno de Vida Nova.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


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