Parábola da Nova Humanidade



Para alguns, aquele homem era considerado um sonhador; mas as pessoas mais atentas afirmavam que era um profeta. Muitas das coisas que dizia não só tinham sentido como também podiam acontecer se os seres humanos se dispusessem a mudar o coração. Muitos dos seus apelos podiam tornar-se realidade se a humanidade fosse conduzida por líderes sensatos e animados pelo Espírito de Deus.

Ninguém duvidava de que aquele homem queria o bem da Humanidade. Nunca ninguém o acusou de falar para se para se exibir ou apoderar-se de privilégios.

Um dia este homem teve um sonho muito significativo: Foi convidado a dirigir-se a toda a Humanidade. Perante tal convite não se sentiu muito importante, nem pretendeu pôr-se acima dos outros, mas sentiu-se inspirado a dizer algo de muito importante. As suas palavras tinham um sabor forte de esperança. Eis a mensagem que proclamou durante aquele sonho misterioso:

Olá, Humanidade! Em primeiro lugar, estás de parabéns, pois há muitos homens e mulheres dispostos a gastar a vida por causas nobres e justas. Parabéns, pois nota-se que está a desabrochar em ti uma consciência universal capaz de defender os valores da verdade, da justiça, da fraternidade e o reconhecimento da dignidade humana.

Os homens que criam muros entre as raças, as culturas, as línguas, os povos, as nações e as religiões da Humanidade são malfeitores e inimigos do Homem. A Humanidade está a evoluir para um pluralismo tolerante e fraterno. Os que querem impor a unidade de modo monolítico estão condenados ao fracasso.

Parabéns, humanidade! Tens fome de comunhão universal, a qual só pode acontecer com pessoas livres, únicas, originais e irrepetíveis. Já tomaste consciência de que os seres humanos não são peças de artesanato feitas em série. Os sistemas opressivos e dogmáticos estão a cair.

Mereces ser felicitada, Humanidade, pois quando deixas emergir a novidade que há em cada ser humano estás a criar-te e a atingir a tua plenitude. Deus lançou as bases deste projecto, mas não te substitui, a fim de poderes emergir de modo livre, consciente e responsável.

Felicito-te Humanidade, pois começas a compreender que os pilares da paz e da justiça estão no diálogo e na participação de todos nas coisas que a todos dizem respeito. É este o caminho para acontecerem saltos qualitativos em direcção à emergência tal como Deus a sonhou.

Parabéns, Humanidade, pois há sinais de estares a atingir o limiar de um novo salto qualitativo de consciência! Está a aproximar-te da fase de plena maturidade, a plenitude dos tempos. Esta fase foi iniciada por Jesus Cristo há dois mil anos. Isto quer dizer que ainda está nos começos. Com efeito, dois mil anos na História Humana não significam mais que um grão de areia numa praia imensa!

Mas o projecto ainda não está acabado. Há até forças cegas que pretendem opor-se a este parto magnífico. Mas podes ter a certeza de que o processo é irreversível. Em poucas décadas conseguiste destruir muros que nós pensávamos não poderem ser destruídos nos séculos mais próximos. Hoje olhas as coisas com horizontes que, há algumas décadas atrás, ninguém ousava prever.

És de facto um processo onde acontece a novidade e o imprevisível. As pessoas sensatas e boas entendem perfeitamente que estás a emergir de modo único, original e irrepetível no concreto de cada ser humano. Começas a compreender que o sucesso da tua realização só pode acontecer na medida em que todas as pessoas possam realizar-se.

Mas para isso é preciso que cada ser humano possa deixar emergir os possíveis que habitam o seu coração como vocação as novas expressões de vida humana. Não existe uma Humanidade determinada por Deus. Fomos criados para nos criarmos. Nascemos para renascer!

O ser humano começa por ser um feixe de possibilidades de realização que recebeu dos outros. São os talentos como Jesus Cristo lhes chamou. Uns recebem cinco, outros três, dois ou um. Deus acolhe-nos assim como somos e com os talentos que temos. Ninguém é herói por receber cinco, ninguém é culpado por receber dois. A heroicidade ou cobardia resulta da fidelidade ou infidelidade com que nos realizamos fazendo render os nossos talentos.

À medida em que o ser humano se realiza como pessoa é incorporado na comunhão universal do Reino de Deus. Esta comunhão é constituída pelas três pessoas divinas, os milhões de pessoas humanas e todas as outras que possam existir ou ter existido no Universo.

Depois de acordar deste sonho aquele homem, sonhador para uns e profeta para outros, fez o propósito de gastar a ajudar os homens a transformar o coração no sentido da fraternidade. A sua vida é uma grande mediação do amor de Deus para a Humanidade.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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