Adolescência, Crescimento dos Filhos e Conflitos



a) O Mundo Misterioso dos Adolescentes
b) O Crescimento Pessoal na Adolescência
c) A Arte de gerir Conflitos com os Adolescentes
d) Os Pais e as Mentiras dos Adolescentes
e) Formar a Consciência dos Adolescentes
f)  Modos de Interpelar os Adolescentes


a)  O Mundo Misterioso dos Adolescentes 

Os pais, por vezes sentem-se preocupados e confusos, pois não entendem as mudanças que estão a acontecer nos seus filhos adolescentes. Neste período é muito importante escutá-los e tentar dialogar com eles, pois também eles estão confusos com a irrupção de mudanças que, devido ao facto de serem novas para eles, ainda não aprenderam a gerir.

Cada adolescente é uma pessoa única, original e irrepetível. Muitos dos fenómenos novos que lhes estão a acontecer, embora sejam semelhantes, por vezes surgem de modo diferente em relação aos outros seus colegas. Mas há muitas manifestações comuns no despertar da adolescência:

*Crescimento do sentido de identidade pessoal, atenção especial às experiências interiores.
*Além disso começa a despertar o pensamento abstracto, bem como capacidade de adiar recompensas.
*Começa a despertar nele uma maior preocupação pelos outros e pelos problemas sociais.
*Preocupação e interesse pelo futuro, vontade de assumir tarefas sociais.

É o período em que despertam os sentimentos fortes, bem como os afectos e impulsos sexuais. O adolescente torna-se capaz de viver relações interpessoais com grande profundidade. É na adolescência que se afirma de modo decisivo a identidade sexual, bem como os primeiros apelos a manifestações de ternura e amor sensual.

O adolescente é capaz de sentir o mundo dos valores como um chamamento a comprometer-se socialmente. Este chamamento a comprometer-se com o apelo dos valores surge normalmente com uma forte carga de idealismo. O adolescente come a ser capaz de elaborar objectivos para a sua vida e acção. Cresce nele o apreço pelos valores morais e o sentido da dignidade pessoal.

Afirma-se de modo mais forte a sua auto estima. Por outras palavras, é na adolescência que se afirmam de maneira decisiva as manifestações da mulher ou do homem que vai acontecer e realizar-se de modo livre, consciente e responsável.

Encontramo-nos na vida constantemente chamados a decidir, optar e agir desta ou daquela maneira.  Não podemos realizar-nos como pessoas sem escolher. As nossas decisões e opções acontecem dentro de um sistema de valores que nos foi sendo comunicado e que fomos considerando como o sistema válido para nos realizarmos na vida.

Damo-nos conta da importância das nossas decisões, escolhas e opções quando pensamos no papel decisivo que certa escolha ou decisão teve na nossa vida. Como hoje seríamos diferentes se tivéssemos optado de outro modo em determinado momento da nossa vida! Que seria de nós hoje se não tivéssemos tomado aquela decisão difícil?

O período da adolescência é fundamental para a rapariga ou o rapaz começara a tomar decisões que vão orientar de modo muito forte o seu futuro. As decisões e opções significativas têm sempre consequências na nossa vida, pois são elos que se vão ligar a uma cadeia de muitas outras decisões e opções que só acontecem porque nós optámos de determinada maneira na adolescência ou na juventude. As opções, escolhas e decisões da adolescência têm a mesma importância do alicerce para a edificação de uma casa.

Até ao período da adolescência fomos quilo que os outros foram fazendo de nós. Agora, o adolescente sente-se chamado a decidir aquilo que irá ser, partindo das possibilidades que recebeu dos demais.

Somos seres em construção. Todas as decisões têm impacto e consequências na nossa vida, em particular as decisões tomadas na adolescência e na juventude. Estas decisões têm a força de orientar e alterar o curso da nossa vida. Como sabemos, a pessoa é um ser histórico. As decisões, escolhas, opções e compromissos vão-se entretecendo e tornando interdependentes.

A adolescência é um período cheio de incontáveis oportunidades e desafios.  O jovem está chamado a decidir-se pelos objectivos que irão configurar em grande parte a sua vida de adulto. Por outras palavras, da capacidade de conduzir e orientar bem as oportunidades que se apresentam ao jovem depende em grande parte o futuro da pessoa.

Os pais que conseguem fornecer aos filhos os critérios, a sabedoria e os valores para optarem correctamente, estão a possibilitar-lhes a realização o entanto, através do diálogo, podem iluminar o homem ou a mulher que está a emergir neles de modo único, original, e irrepetível. Os critérios, a sabedoria e os valores são ferramentas preciosas e indispensáveis para os adolescentes decidirem a sua realização numa linha correcta.

Mas a última palavra, naturalmente, cabe-lhes a eles, a fim de poder emergir de modo seguro e sólido a pessoa que eles levam dentro de si em forma de um leque de possibilidades e talentos. Como sabemos, a pessoa faz-se, fazendo. Torna-se capaz de optar, optando.  Quanto mais o adolescente for iniciado na arte de decidir e optar, mais vai sendo capaz de se construir como pessoa livre, consciente e responsável.

Mas devemos ter presente que o excesso é prejudicial. Não podemos cair na tentação de fazer dos adolescentes adultóides, tornando-os pessoas angustiadas e deprimidas. O critério deve ser: por um lado, não fazer o que eles já podem fazer sem dificuldades. Por outro lado, não lhes confiar tarefas que impliquem claramente excesso de responsabilidade, preocupação ou esforço.

Pouco a pouco, no interior da pessoa, vai-se formando um núcleo de decisão onde se combinam os valores transmitidos pela educação, a sabedoria que nos capacita para discernir sobre esses valores e o livre arbítrio ou capacidade psíquica de escolher.

É fundamental que os adolescentes desenvolvam este núcleo a que a Bíblia dá o nome de coração. O coração, neste sentido, é o ponto de encontro do melhor que recebemos dos outros com a luz e a voz do Espírito Santo que nos convida a realizarmo-nos de acordo com os valores inscritos na nossa consciência.

Os pais e os educadores são as principais mediações para acontecer esta emergência e crescimento interior. É importante ajudar o adolescente a compreender que ninguém pode entrar no seu labirinto interior, para encontrar a saída certa. Mas é importante escutar os outros, pois estes são mediações muito importantes para encontrarmos as saídas que nos levam à maturidade psíquica e espiritual.

É verdade que os outros não podem substituir-nos na tarefa da nossa realização pessoal. Mas é igualmente verdade que ninguém é capaz de se realizar sozinho. Neste nosso interior misterioso confronta-se o que a pessoa sente, o que os outros inscreveram nela através da edução e a voz do Espírito Santo que nos convida, interpela e chama a agir na linha da nossa humanização.

Como vemos, a pessoa não pode realizar-se sem os outros e sem Deus. Com efeito, a pessoa não é uma ilha. Pelo contrário, forma um todo orgânico com a humanidade. É importante que os pais facilitem esta interacção não demonstrando indiferença ou azedume devido ao distanciamento aparente do adolescente.

Os adolescentes necessitam de sentir que os pais estão com eles e se disponibilizam para falar. Os pais devem compreender que a necessidade que o adolescente sente de se distanciar é um passo básico para o seu amadurecimento pessoal. Enquanto crianças foram o que os pais quiseram que elas fossem. Agora sentem uma necessidade enorme de se afirmarem como diferentes, autónomos e com uma identidade própria, a qual não se confunde com a identidade dos pais.

Daqui os seus gostos, preferências ou maneiras de se diferenciarem que, por vezes, deixam os pais totalmente confusos. Para o adolescente, é importante afirmar-se como diferente, pouco importando o modo como o fazem. Neste período é importante demonstrar que se é diferente, tanto a nível da política, como das roupas, da música, das práticas religiosas. Tudo isto para se afirmarem como pessoas distintas e separadas dos pais.

Estes comportamentos são uma verdadeira necessidade psíquica e não meros caprichos arbitrários. É importante que os pais compreendem que estes comportamentos não significam menor amor ou menos respeito por eles. Os pais podem ter a certeza de que os adolescentes precisam muito do seu amor, apesar de muitos dos seus comportamentos não terem nada de amável. Quanto mais eles afirmam as suas diferenças através de comportamentos raros, mais estão a necessitar do amor dos pais.

É importante que os pais lhes digam: “Gosto muito de ti” ou “amo-te muito”. É importante que os pais os toquem quando passam por eles, mesmo que por vezes resmunguem! É importante compreender que eles não têm culpa de estar na adolescência. As suas ideias podem parecer-nos perigosas ou mesmo heréticas.  Mas não nos esqueçamos que a adolescência é uma fase de exploração, tentativas de descoberta, busca de identidade, necessidade de afirmação mediante confrontos com os outros.

Muitas das afirmações dos adolescentes têm apenas o sentido de saberem até onde podem ir ou usufruir sem perigos graves. A maneira de o fazerem é opor-se aos pais, pois eles sabem que os pais lhes querem bem e querem dar-lhes o melhor. É importante ensiná-los a discernir e optar pelos valores, mas sem discutir muito. Quando se tratar de chamar a atenção diga-lhes o que tem a dizer e retire-se.

No diálogo é preciso ser pacientes e tolerantes. É importante empregar expressões que os façam pensar, mas não expressões que os magoem, como por exemplo:
*É uma maneira de ver as coisas…
*Mas tu já pensaste acerca deste inconveniente?
*Mas tu já reparaste onde íamos parar se agíssemos de acordo com essa forma de pensar?
Evitemos respostas do tipo: “É a ideia mais estúpida que já ouvi!”

É bom perguntar a opinião deles sobre o papel da família, o sentido da vida ou sobre questões de ética. Isto ajuda-os a formar a consciência. É conveniente falar-lhes da nossa experiência sobre diversos aspectos, mas sem lhes pregar grandes sermões. Ao ouvi-los, não devemos cair na tentação de nos pormos a moralizar, senão eles deixam de se abrir connosco. Se suspeitamos de algum problema em concreto, é muito importante dizer-lhes: “Quando eu era adolescente tive um problema que me perturbou enormemente…”.
Ouvindo os problemas da adolescência dos pais ou avós, percebem que também estes foram adolescentes. Isto ajuda-os a desdramatizar as experiências que os dominam e absorvem e, muitas vezes, eles pensam tratar-se de uma tragédia sem saída.

Não consideremos de menor importância a questão da vida espiritual dos adolescentes. A melhor maneira de os ajudar a crescer espiritualmente neste período é ajudá-los a inserir-se num grupo da paróquia onde normalmente celebram a fé. Os grupos cristãos de adolescentes fornecem um suporte espiritual muito positivo.

Os pais não podem esquecer que a melhor maneira de influenciar positivamente os seus filhos é serem para eles um padrão. Uma atitude sensata; uma decisão acertada; um testemunho de fidelidade aos valores importantes como verdade, sinceridade, doação ou honestidade cavam mais fundo do que uma multidão de palavras.

b)      O Crescimento Pessoal na Adolescência

O despertar da adolescência traz consigo uma forte dose de mistério e, por isso desperta tantas dúvidas e interrogações não só nos adolescentes como também nos pais e educadores. A adolescência surge com uma série de manifestações que são gerais nesta fase importante do crescimento humano.

Eis algumas das manifestações mais comuns que marcam o despertar da adolescência:
*Desenvolvimento do sentido da própria identidade.
*Atenção especial ao seu mundo interior: sentimentos, emoções, impulsos, ideais, etc.
*Despertar do pensamento abstracto e capacidade de entrega generosa a uma causa.
*Capacidade de adiar recompensas.
*Começam a surgir preocupações pelos problemas sociais.
*Interesse pelo futuro, e empenho em tarefas orientadas para combater injustiças e desigualdades, tudo isto acompanhado de um forte sentido dos valores morais e dos direitos humanos.

A adolescência é o período em que despertam afectos e impulsos sexuais fortes. O adolescente torna-se capaz de viver relações interpessoais com grande empenho e profundidade. Vive o mundo dos valores como chamamentos a compromissos generosos, embora com uma forte carga de idealismo. É na adolescência que se afirmam de maneira decisiva as manifestações da mulher ou do homem que vai realizar-se de modo livre, consciente, responsável e capaz de amar.

O adolescente pode não saber ainda muito bem o que quer, mas já sabe muito bem aquilo que não quer. As suas decisões e opções acontecem dentro de um sistema de valores com os quais se identifica. A adolescência é um período fundamental para tomar decisões e fazer opções.

A experiência ensinou os adultos a importância das decisões, opções e escolhas acertadas que fizeram na sua adolescência. Qualquer adulto consciente e bem formado reconhece a verdade de algumas afirmações deste tipo: Como hoje seria diferente se tivesse optado de outro modo quando era jovem. Ou então: Ah, se o tempo voltasse para trás como eu teria optado de outro modo!

E no sentido positivo podemos ouvir isto: “Que seria de mim hoje se eu não tivesse tomado aquela decisão difícil?” Isto quer dizer que o período da adolescência e da juventude são fundamentais para a tomada de decisões que orientam de modo marcante o futuro da pessoa. Como sabemos, as decisões e opções significativas têm sempre consequências na nossa vida. São elos que se vão ligar a uma cadeia de muitas outras decisões e opções que só acontecem porque nós optámos de determinada maneira na adolescência ou na juventude.

As opções, escolhas e decisões da adolescência são como que o alicerce sobre o qual se edifica uma casa. Se o alicerce for seguro, a casa fica sólida e segura. Se, pelo contrário, o alicerce for arenoso e sem profundidade, a casa vai acabar por ruir quando chegarem as tempestades e os vendavais como dizem os evangelhos.

Até ao período da adolescência as crianças são moldadas pelos demais, em especial os pais e educadores. Com a adolescência, a pessoa começa a interagir com os outros de modo selectivo, isto é, aceitando umas coisas e rejeitando outras. O adolescente não pode esquecer que continua a precisar dos outros para se realizar, embora de maneira mais autónoma. Os adolescentes começam a saber excluir coisas que sentem não lhes servirem. Mas precisa ainda dos outros para descobrir muitas coisas que ainda desconhece e são fundamentais para a sua realização.

Na verdade, os adolescentes continuam a precisar dos pais e educadores, a fim de construir aquilo que ainda lhe falta para ser uma pessoa plenamente autónoma, segura e realizada. Com grande alegria os próprios pais também descobrem este crescimento dos seus filhos adolescentes. E assim se vai afirmando o jeito de ser do homem ou da mulher que está a adquirir a sua configuração definitiva na adolescência.

A adolescência é um período cheio de oportunidades e desafios. Felizes dos adolescentes e jovens que começam a decidir e optar orientados pelos valores que conduzem à maturidade e realização pessoal tais como: verdade, lealdade, honestidade.

*Justiça, fidelidade à sua consciência, capacidade de gerir própria vida.
*Atenção aos outros, coragem para manifestar e defender as próprias convicções.
*Sentido de fraternidade, coragem para defender os que estão a ser injustamente marginalizados ou perseguidos.
*Disponibilidade para se comprometer com causas sociais válidas.

Na medida em que o adolescente comece a orientar a sua acção por estes e outros valores básicos, está a configurar de modo positivo o seu próprio futuro. Podemos dizer que o futuro de um adolescente depende em grande parte da capacidade de conduzir e orientar bem as oportunidades que se lhe apresentam neste período da sua vida.

Os pais que apresentam aos filhos os critérios e a sabedoria para decidirem de modo seguro estão a oferecer-lhes excelentes possibilidades de realização. Os critérios, a sabedoria e os valores são ferramentas preciosas para os adolescentes modelarem a sua personalidade numa linha correcta. Como sabemos, a pessoa faz-se, fazendo. Torna-se capaz de optar, optando.

O coração, o mundo interior, é para o adolescente um santuário sagrado no qual ninguém pode entrar para decidir ou optar, substituindo-o. Por outras palavras, o adolescente só poderá ser livre, consciente e responsável na medida em que seja ele a entrar no labirinto interior da sua consciência e encontrar a sua própria saída. Quanto mais fiel o adolescente for aos seus próprios talentos, mais se vai estruturar como pessoa única, original e irrepetível e, portanto, menos ao sabor da opinião dos outros.

O adolescente deve tomar consciência de que os outros não podem substituir-nos na tarefa da nossa realização pessoal. Os outros, no entanto, são para nós mediações que nos podem ajudar a encontrar saídas certas para o nosso crescimento psíquico e espiritual. Nesta tarefa da nossa realização ninguém nos pode substituir, mas também é verdade que ninguém se pode realizar sozinho.

Isto quer dizer que a pessoa humana não é uma ilha e a sua perfeição será atingida na medida em entre numa interacção com os outros, fazendo com eles um todo orgânico, dinâmico e fecundo. Há que realçar sobretudo a importância dos grupos de amigos, fundamentais para a socialização e o amadurecimento afectivo dos adolescentes. O adolescente sente demodo muito forte que a plenitude da pessoa não está em si, mas nas relações de amizade e comunhão.


c) A Arte de Gerir Conflitos Com os Adolescentes

A adolescência é um tempo de desafio e mudança, tanto para os filhos como para os pais. Por um lado, os pais pensam que os seus filhos adolescentes ainda não são suficientemente crescidos e responsáveis para lhes permitirem as coisas que eles pedem e exigem. Por seu lado, os adolescentes argumentam que os pais continuam a considerá-los como se fossem crianças.

Para superar as tensões próprias desta fase é fundamental haver muito diálogo e regras bem definidas. É normal que a cedência em relação à autonomia dos filhos se vá operando de modo gradual e progressivo. Uma norma sábia é os pais irem permitindo e cedendo autonomia aos filhos adolescentes na medida em que estes vão dando provas de responsabilidade. Os pais devem ter presente de que amar e ajudar os seus filhos nesta etapa também implica firmeza e coerência.

Eis algumas sugestões para os pais facilitarem com sabedoria e segurança o nascimento da autonomia dos filhos:
*Devem existir regras claras e bem definidas, as quais devem conter limites razoáveis tendo em conta o crescimento e a responsabilidade de que os filhos deram provas.
*Os pais devem permitir que o adolescente experimente as consequências dos seus comportamentos, apesar da vontade de os proteger.

Os pais devem tornar claro que, enquanto pais, têm direitos, como por exemplo:
*Direito a viver numa casa limpa, pedindo aos filhos adolescentes para ser desarrumados e, sobretudo, para arrumar as coisas depois de as terem utilizado.
*Os pais também têm direito a esperar boa educação em casa e cooperação nas tarefas domésticas.
*Têm direito a viverem tranquilos, sabendo que os seus filhos adolescentes se portam correctamente na escola.
* Os filhos adolescentes devem compreender a importância de avisar os pais das suas saídas e dos locais para onde vão. De facto, os pais têm direito a dormir em paz sem estarem sobressaltados pelo facto de não saberem onde os seus filhos se encontram.

*É normal os pais esperarem que os seus filhos cresçam gradualmente como pessoas responsáveis, a fim de não terem que andar sempre a tomar conta deles como se fossem crianças. Isto é importante para os adolescentes, pois ajuda-os a compreender melhor as razões pelas quais eles devem crescer em maturidade e atenção.
*Ao afirmarem esses seus direitos, os pais devem transmitir muito amor e apoio aos seus filhos adolescentes.

Os pais não podem esquecer que além dos seus direitos também têm deveres. Eis alguns desses deveres:
*Os pais tem o dever de mostrar muita ternura e compreensão pelos seus filhos adolescentes.
*Devem repetir muitas vezes aos seus filhos expressões deste tipo:
*Amo-te muito e quero continuar a amar-te e a apoiar-te.
*Quero proporcionar-se uma cada vez maior autonomia, à medida em que vais dando provas de maturidade e responsabilidade.
*Eu sei que tenho o dever de estar atento ao teu crescimento e reconhecer que, na verdade, já não és uma criança.

*Quero cumprir este dever sagrado, mas preciso que me ajudes, dando-me provas de que posso confiar em ti.
*Serás sempre o nosso filho ou a nossa filha, aconteça o que acontecer.
*Mas também te queria dizer que as coisas erradas que fazes nos fazem sofrer muito.
*Quando te portas bem tornas-te para nós um ídolo. Só nos apetece falar de ti a toda a gente!
*Espero e confio em ti no sentido de que também tu saberás cumprir os teus deveres, a fim de me ajudares a cumprir os meus.

*Os filhos adolescentes têm direito a saber com clareza o que os pais esperam deles e quais são os seus limites. Os filhos ganham força e respeito pelos pais quando estes são claros e firmes na afirmação das expectativas e esperanças que depositam neles.
*Os pais não se podem esquecer de que a virtude mais importante a cultivar no trato com os filhos adolescentes é a paciência.
*Os próprios adolescentes precisam de muita paciência para aprenderem a lidar com os seus problemas, sobretudo com as interrogações que emergem dentro deles de maneira impetuosa.
* Os pais devem esforçar-se no sentido de se controlarem e não se deixarem dominar por uma ansiedade excessiva, acabando por recorrer irreflectidamente aos castigos.
*O recurso fácil ao castigo não ajuda os adolescentes a crescer em maturidade, nem lhes dá mais força para modificar o seu comportamento.

*Os pais não podem esquecer que os adolescentes têm necessidade de sentir que os pais se preocupam com eles, sobretudo quando estão com problemas.
*Além disso devem encorajar sempre os filhos e elogiá-los quando eles fazem coisas acertadas e importantes.
*Os pais não devem pôr-se a discutir com os filhos adolescentes sobre coisas secundárias como por exemplo: Estilo do cabelo, modas extravagantes, estilos musicais etc.
*Lembrem-se de que os filhos adolescentes não devem ser tratados como se fossem crianças.
*Quanto mais os pais tratarem os filhos adolescentes como pessoas crescidas e responsáveis mais eles se sentirão fortes para agir como tal.

*Os pais não se podem esquecer de que uma autonomia adequada, uma justa separação e consciência da própria dignidade e identidade são passos importantes para os adolescentes atingirem a maturidade pessoal.
*É importante que os pais não fiquem em pânico se virem que o seu filho adolescente cometeu um erro. Lembrem-se de que, por vezes, aprendemos muito com as consequências dos nossos erros.

Eis em forma de síntese alguns aspectos importantes que os pais devem ter em consideração para facilitar o amadurecimento dos seus filhos adolescente:
*Recuse-se a argumentar sobre a validade ou não validade de uma decisão que lhe pareça justa.
*Não preste atenção a lágrimas, ou gritos de rejeição se a sua decisão lhe parece a melhor para o seu filho.
*Tente ignorar os seus próprios sentimentos de culpa, de raiva, de remorso, a fim de não se descontrolar na relação com o seu filho adolescente.

*Tenha presente de que a educação é uma tarefa que implica amor firme, mas nunca é demagogia ou tirania.
*Sintonize com as alegrias do seu filho quando este está feliz e com as suas tristezas quando estiver a sofrer.
*Mostre claramente que está do lado do seu filho, mas não interfira nem se intrometa no campo da sua intimidade. Se não respeitar este princípio, o seu filho adolescente negar-lhe-à a entrada nos seus assuntos mais pessoais e, deste modo, não o poderá ajudar. Não substitua o seu filho, a fim de ele se tornar mais responsável.
*Oiça e seja aberto às opiniões dos filhos, mesmo que isso, por vezes, lhe custe.

Os pais não podem esquecer-se de que o mundo do adolescente de hoje é muito diferente do mundo dos adultos. Além disso devem ter presente que a maneira de ser adolescente nos nossos dias é muito diferente da maneira de ser adolescente há trinta ou quarenta anos atrás.



d) Os Pais e as Mentiras dos Adolescentes

Uma das coisas que mais desorienta os pais é a detenção de algumas mentiras nos adolescentes. Antes era uma criança incapaz de mentir, dizem, mas agora parece outra pessoa! É assim mesmo. O ser humano, sem deixar de ser o mesmo vai sendo de modo sempre diferente. Somos seres em construção.

Os adolescentes farão tudo para conseguir conquistar a sua autonomia ainda que seja preciso mentir aos próprios pais. A mentira na adolescência e a agressividade nos adolescentes deve ser entendida nesta perspectiva. O facto de irritarem os pais tem para eles um significado de afirmação pessoal: “Estão irritados comigo. Isto é a prova de que não me dominam nem controlam. A minha vida pertence-me, por isso não quero estar sujeito às suas regras”.

O adolescente tem uma grande necessidade de grupos de amigos e companheiros. Muitas vezes, o rompimento das normas dos pais é não apenas a tentativa de reforçar a sua autonomia como também ser leais para com os companheiros. O adolescente põe com frequentemente a lealdade para com os companheiros à frente da lealdade paras com os pais. Eis a razão de alguns desajustes como mentiras, quebra de promessas, descuido em relação à hora de entrar em casa e outros.

Nesta etapa as regras tornam-se-lhes intoleráveis, pois são o sinal de que, afinal, os pais continuam a dominar. A maneira de os pais aliviarem esta tensão é estabelecerem as normas e os horários em diálogo com os próprios adolescentes. Não devemos valorizar estes desajustes em termos de falta moral. Na realidade a quebra do acordo não lhes parece uma coisa moralmente errada, pois resulta da fidelidade aos amigos e da conquista da sua autonomia.

A mentira do adolescente é a expressão de um conflito. A mentira ocasional facilita o estabelecimento de um espaço privado, uma área na qual os pais não têm controle. Os pais têm de aceitar que é uma atitude irrealista esperar que o adolescente diga sempre a verdade. Os pais devem compreender que não é possível conhecer todas as coisas que os seus filhos adolescentes fazem.

O importante é saberem que os filhos estão a controlar os diversos aspectos da sua vida. Mas não pretendam saber tudo o que lhes acontece, pois iriam detectar muitas mentiras. Os pais devem impor regras como, por exemplo, não queremos que tragas para casa companheiros que consomem drogas.

Talvez esta reflexão nos ajude a concluir que não devemos valorizar muito as mentiras detectadas nos adolescentes. Com efeito, neste período confuso, uma mentira verbal significa para eles um mal menor. Os pais não devem concluir que, devido a essas pequenas mentiras, o seu filho se está a estruturar como um adulto mentiroso. O próprio adolescente anseia ultrapassar esta situação que, na verdade, não o deixa satisfeito.

Os pais não devem evitar falar muitas vezes das mentiras detectadas nos filhos ou dizer-lhes que, a partir de agora já não confiam neles. Eis alguns princípios que podem facilitar o diálogo com os seus filhos:

*Procure compreender o que o seu filho ou filha estão realmente dizendo. Lembre-se de que o adolescente, muitas vezes, não queria dizer aquilo que, de facto, disse. Com frequência, ele exprime ideias que logo a seguir lamenta. Na verdade, o que ele disse não corresponde à verdade dos seus sentimentos.  Em vez de ficarem apreensivos com algumas afirmações chocantes, os pais devem fazer perguntas, a fim de ver o alcance e o sentido dessas afirmações.

*Evite dar muitos conselhos, pois estes são indesejados e, por isso, ineficazes. Em vez de dizer: “eu bem te disse que devias estudar, caso contrário o resultado seria desastroso”. É preferível dizer: “Sinto que estás preocupado com o resultado dos testes. Tens alguma ideia sobre o modo de superar este problema?”

*Evite pôr-se à defesa face a algumas acusações dos filhos adolescentes. Se, por exemplo, face às proibições em relação à droga, o filho lhe responder: “Sim mas tu bebes e, muitas vezes perturbas o ambiente familiar por causa do álcool”, não procure justificar o seu procedimento. Pelo contrário, pense que ele está preocupado e magoado com esse seu procedimento. Neste caso seria melhor responder: “sinto que estás preocupado e irritado com este meu problema, mas não deves pensar que a minha proibição em relação ao uso de drogas implica menos amor por ti”.

*Diga o que tem a dizer e retire-se. O adolescente fará tudo para o picar e criar enfrentamento. Os pais devem evitar discussões que acabariam por os descontrolar e tirar eficácia ao que disseram. Não tente lutar usando uma argumentação que acabaria por se revelar totalmente inútil.

*Distinga bem a diferença entre dar apoio ao seu filho, escutando-o e sujeitá-lo a interrogatórios inoportunos. Os interrogatórios irritam-no, pois isso é sentido como mais uma tentativa para o controlar. O adolescente detesta tudo o que se pareça com uma tentativa de controlo. Mostre-se solidário com os seus problemas, mas respeite muito a sua privacidade. Se o vir muito preocupado, pergunte-lhe se haverá alguma coisa que possa fazer para o apoiar. Mostre-se disponível e se ele se abrir, disponha-se totalmente para seguir em frente a sua ajuda.

*Se o filho adolescente lhe comunicar uma experiência daquelas que mais assustam os pais, não perca o controlo nem parta a loiça. Tente salvar tudo o que é possível salvar.
*Procure aprender a divertir-se com o seu filho adolescente. Por vezes umas piadas e brincadeiras realizam maravilhas no sentido de criar uma comunicação profunda.

*Reconheça os sentimentos e ideias expressas pelo seu filho. Nunca ponha a ridículo os sentimentos que ele lhe comunicou. Muitas vezes a solução de um problema está apenas no facto de ter sido escutado, compreendido, aceite e não julgado.

*Evite muitas palavras e sobretudo evite dar muitas receitas e moralismos. Por vezes um toque no ombro ou um abraço faz mais que muitas palavras e receitas morais.

e) Formar a Consciência dos Adolescentes

À medida em que os outros vão inscrevendo em nós os valores estes estruturam a nossa consciência. Por outras palavras, à medida em que são inscritos em nós mediante a educação e a comunicação da cultura, os valores tornam-se inspirações e propostas no sentido de agirmos em conformidade com eles. Por outro lado, à medida em que agimos em conformidade com os valores que moldam a nossa consciência, estes moldam e configuram o nosso ser.

Assim, por exemplo:
*À medida em agimos em conformidade com o valor “verdade” tornamo-nos verdadeiros.
*À medida em que agimos de acordo com o valor “Justiça” tornamo-nos justos.
*À medida em que agimos de acordo com o valor fraternidade tornamo-nos fraternos.
*Do mesmo modo, à medida em que agimos de acordo com o valor fidelidade, tornamo-nos fies;

Podemos dizer que os valores que inscritos na nossa consciência pelo contexto familiar e social constituem a matriz da nossa vocação fundamental, isto é, o chamamento básico para nos realizarmos como pessoas. Os Valores constituem o chamamento básico para a humanização das pessoas. Podemos dizer que os valores são a rocha firme sobre a qual podemos edificar com segurança a nossa casa, isto é, a nossa realização humana.

Este princípio fornece-nos o critério da nossa acção educativa junto das crianças e dos adolescentes. É importante fazer compreender às crianças e aos adolescentes que há valores que não podem ser postos em causa. Além disso, a nossa acção educativa será tanto melhor quanto mais rico for o leque de valores que transmitirmos.

Eis alguns dos valores que nos interpelam no dia a dia da nossa vida:

*A VERDADE:
É um valor básico para poderem acontecer relações humanas e humanizantes. A pessoa que habitualmente se relaciona num clima de verdade torna-se digna de confiança e atinge grande consideração e prestígio junto dos outros. Só é possível haver encontros humanos e humanizantes quando as relações se alicerçam na verdade. A verdade é a compreensão e enunciação adequada da realidade, quer se trate da realidade de Deus, do Homem, dos acontecimentos ou das próprias experiências.

Os seres humanos estão talhados para a verdade. Na verdade, quando percebemos que o outro nos está a mentir sentimo-nos chocados e revoltados. O ser humano só se pode realizar-se em relações. Sem o valor verdade, não pode haver relações verdadeiramente humanizantes. De facto, estamos constantemente a comunicar uns aos outros experiências, vivências ou acontecimentos que não são evidentes nem os podem ser confirmados, mas que nós aceitamos com toda a naturalidade, partindo do princípio de que essa comunicação é verdadeira.

A palavra de Deus, diz o evangelho de São João, é a verdade (Jo 17, 17). Deus compreende correctamente a realidade e revela-nos o sentido dessa mesma realidade, a fim de caminharmos de modo seguro para a plenitude da vida. Os que aceitam e permanecem na Palavra de Jesus pertencem à verdade e a verdade torna-os livres (Jo 8, 31-32).

Segundo Jesus, a verdade cresce na transparência. Por outras palavras, a verdade não gosta de águas turvas. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Mateus: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não” (Mt 5, 37). Ao proclamar Jesus como Messias e Salvador, diz o quarto evangelho, João Baptista deu testemunho da verdade, pois testemunhou que Jesus é o Messias Salvador (Jo 5, 33). João Baptista compreendeu a anunciou de modo correcto e adequado a realidade de Jesus. Procedendo assim, disse a verdade.

A primeira Carta a Timóteo diz o seguinte: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4). Segundo este texto, a verdade e a salvação caminham juntas. São Paulo diz que repreendeu São Pedro quando viu que ele não caminhava segundo a verdade do Evangelho (Ga 2, 14).

A pessoa humana torna-se verdadeira na medida em que age e se relaciona com os outros em harmonia com a verdade. Quanto mais verdadeira é uma pessoa, mais o seu coração está capacitado para acolher a revelação de Deus. A verdade gera no nosso coração a sabedoria, isto é, a capacidade de saborear a realidade de modo correcto e adequado.

Sem a sabedoria, a ciência já serviu para destruir muitos milhões de seres humanos. Vazia de sabedoria, a ciência descobre as leis que regem a realidade, mas não consegue saborear o sentido profundo da Vida, da História, do Cosmos e do projecto criador de Deus.

Eis o que São Paulo diz sobre a importância fundamental da sabedoria na vida pessoa: “Nós ensinamos a sabedoria de Deus, mistério oculto e que Deus, antes dos séculos, predestinou para nossa glória. Nenhum dos senhores deste mundo a conheceu, pois se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não pressentiu, Deus o preparou para aqueles que o amam. A nós porém, Deus o revelou por meio do Espírito Santo, pois o Espírito tudo penetra, mesmo as profundidades de Deus” (1 Cor 2, 7-10).

A verdade lança as suas raízes mais profundas no coração, isto é, no núcleo mais profundo da nossa interioridade espiritual. É do coração que emergem as decisões, opções e escolhas no sentido do amor e do bem.

*A FIDELIDADE:

Como nos sentimos magoados quando a infidelidade se cruza na nossa vida! É o pecado que fere mais profundamente Deus e o Homem. Na Bíblia, o Deus da aliança convida-nos constantemente à fidelidade. A Carta aos Gálatas diz que a fidelidade é um fruto do Espírito Santo (Ga 5, 22). A Bíblia chama adultério à infidelidade do Povo em relação à Aliança de Deus.

A fidelidade é um valor tão fundamental que capacita duas pessoas para entrarem sem medo numa aliança de amor comprometendo a vida inteira. Fundamentados na fidelidade de Deus e procurando ser fieis à sua Palavra de Deus, os evangelizadores atingiram uma grande fecundidade de vida e uma felicidade indescritível. O pecado contra o Espírito Santo, diz o Novo Testamento, não tem perdão (Mc 3, 29: Mt 12, 32; Lc 12, 10). Este pecado é a infidelidade sistemática e incondicional à Palavra de Deus e aos valores essenciais que a pessoa recebeu dos outros.

*A FRATERNIDADE:

Todos nos curvamos perante o valor da fraternidade! Deixa-nos vencidos o facto de alguém nos querer bem, ao ponto de dar provas evidentes de que, sem exigir nada em troca, se está gastando para obter o melhor para nós. A fraternidade é um sacramento da graça de Deus. É a força que consegue vencer a lei da selva que habita o coração humano e cuja dinâmica é: “O mais forte domina, mata, oprime e explora”.

O valor da fraternidade consegue fazer que o mais fraco se torne forte. Isto só pode acontecer porque o mais forte comunica a sua força ao mais fraco em reciprocidade de comunhão. Orientada pelo valor da fraternidade, a pessoa humana é capaz de se tornar irmã dos outros sem quaisquer laços de sangue.

* A JUSTIÇA.

Todos sabemos como a injustiça deixa as pessoas indignadas. Não há maior gerador de violência nas pessoas, nas sociedades e entre as nações do que a injustiça. De tal modo a injustiça é contrária à razão humana que os homens injustos, para a tornarem admissível, recorrem à mentira, à difamação e à fraude. O valor da justiça é o alicerce mais sólido da paz. A injustiça fere os direitos fundamentais das pessoas e dos povos. Uma criança que sofra um castigo injusto nunca mais o esquece ao longo da vida.

*A ATENÇÃO AOS OUTROS

Não podemos humanizar-nos sem humanizar as nossas relações. É importante ensinar as crianças e os adolescentes a ser atentos aos demais. Devemos ensiná-lo a aceitar o outro, não tanto por ele fazer o que nós queremos, mas antes por ele ser aquilo que é. É importante que o adolescente aprenda que os outros também têm direitos.

Só assim ele vai deixando de girar em volta de si mesmo. Ensinar os adolescentes a compreender as crises e defeitos das outras pessoas. Não há crescimento sem crises. É importante reconhecer que o bem feito pelos outros, não deixa de ser bem só porque não foi feito por mim ou por ter sido feito de um modo diferente do meu modo de agir.

Ajudá-los a compreender e aceitar a história pessoal dos outros, a fim de serem capazes de os aceitar e compreender. Ensiná-los a ver que ninguém é bom em tudo. É fundamental aceitar a diversidade e as diferenças de cada um. A maneira mais adulta de amar é facilitar a emergência pessoal do outro, permitindo que seja igual a si mesmo.

Na medida em que aceitamos o outro, este sente-se válido e com pleno direito a existir. Quando valorizamos os outros estamos a facilitar a sua realização e felicidade. De facto, ninguém é capaz de desenvolver o melhor das suas qualidades sem se sentir minimamente aceite e valorizado. Ninguém é capaz de gostar de si antes de alguém o ter valorizado e apreciado.

Os valores têm como meta a construção e a felicidade das pessoas. Realizam-se ou são bloqueados no contexto das relações. É na vivência dos valores que emerge a pessoa, ser sublime com interioridade espiritual livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.


f) Modos de Interpelar os Adolescentes

Os pais podem interpelar os seus filhos, sobretudo na adolescência, fazendo-lhes propostas de fidelidade aos valores e aos seus talentos e capacidades. Esta é a maneira de os ajudar a estruturar-se e crescer como pessoas realizadas e válidas para a sociedade. O adolescente encontra-se numa fase privilegiada para treinar a coragem e a fortaleza.

Eis algumas interpelações significativas que podem ser feitas aos adolescentes, a fim de os estimular à generosidade e ao amadurecimento da sua personalidade: a maior alegria que me podes dar é esforçar-te no sentido de dares o melhor de ti nos diversos aspectos e situações da vida. Quando isto acontece considero-te um herói.

Eis alguns aspectos em que eu considero que um adolescente é realmente um herói de coragem e valentia: agir e procurar fazer o que está certo e justo, mesmo que, à sua volta, os companheiros se riam. Estes riem-se para disfarçar o sentimento de inferioridade que têm por não serem capazes de proceder assim. Resistir à pressão que os colegas fazem no sentido de o levar a fumar, consumir drogas ou assumir atitudes e comportamentos violentos e incorrectos.

Corajoso e forte é o adolescente capaz de tomar atitudes de simpatia e atenção lá em casa e ajudar nos trabalhos domésticos.
Corajoso é o adolescente capaz de correr riscos para defender os valores que a sua consciência reconhece, mesmo quando muitos dos seus colegas desprezam esses valores.
Corajoso é o adolescente que procura agir de acordo com o que pensa ser recto e justo.
Corajoso e forte é o adolescente que procura tratar os outros como deseja ser tratado por eles.
Corajoso e forte é o adolescente que não tem medo de partilhar a sua opinião, mesmo quando esta é diferente da dos outros.

Corajoso e forte é o adolescente capaz de exprimir em público os seus sentimentos e emoções, mesmo que seja chorar.
Corajoso é o adolescente que decide falar com um colega marginalizado que parece estar muito só e com necessidade de comunicar.
Corajoso é o adolescente cristão que não tem vergonha de testemunhar a sua fé diante dos outros.
Corajoso é o adolescente que se mantém firme e não anda ao sabor das opiniões dos outros.
Corajoso e forte é o adolescente que, quando comete um erro, tem a coragem de o reconhecer.
Corajoso é o adolescente que não perde a esperança no meio das dificuldades, pois sabe que uma vida de sucesso também tem fracassos pelo meio.
Corajoso e forte é o adolescente que procura manter boas relações com as pessoas, mesmo com os adultos que, por vezes, não entendem as suas dificuldades e problemas.

Corajoso e digno de admiração é o adolescente que procura ser leal e verdadeiro.
Corajoso é o adolescente que não deixa que os outros o machuquem ou desiludam, procurando manter-se de pé por sua força de vontade.
Corajoso é o adolescente que sabe escolher como amigos pessoas que lhe permitem actuar segundo a sua consciência.
Corajoso, forte e extraordinário é o adolescente capaz de tomar a defesa de um companheiro que está a ser injustamente acusado.
Corajoso é o adolescente que procura cumprir a regra de oiro que Jesus ensinou: “Não faças aos outros o que não queres que eles te façam”.

Corajoso é o adolescente que trabalha para conseguir os seus sonhos e projectos, mesmo quando os outros dizem que não vale a pena lutar.
Corajoso e forte é o adolescente que é capaz de dizer não aos colegas quando estes o convidam a fazer coisas que vão contra a sua consciência.
Valente é o adolescente capaz de dizer a verdade quando faz algo de errado. Este adolescente é digno de uma grande admiração e apreço.
Corajoso e forte é o adolescente capaz de aceitar os seus defeitos, tentando levantar-se sempre após as quedas ou fracassos.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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