Relações Pais-Filhos (III)



3) Critérios a Ter Presente nas Relações Pais Filhos



A pessoa humana apenas se realiza em relações. Isto quer dizer que as relações pais filhos com grande qualidade humana possibilitam uma boa estruturação dos filhos e humanizam os pais. Eis algumas atitudes que ajudam a criar qualidade nas relações pais filhos:

* Partilhar os melhores momentos de alegria e felicidade com os filhos;
* Procurar transmitir paz e alegria nos convívios com os filhos.
* Não deixar passar em branco os erros graves dos filhos.
* Não pode haver harmonia nas relações pais filhos sem haver momentos de diálogo.

* Entre no mundo dos seus filhos adolescentes através da ternura, do apoio e da amizade. Mas não invada o seu território, isto é, a sua autonomia, sob pena de causar grandes perturbações.
* Não se esqueça de que os seus filhos precisam muito do seu amor, do seu tempo e de momentos de diálogo.
* É bom ajudar os adolescentes a compreender e a superar as tempestades próprias da adolescência.
* Responda com clareza aos seus filhos quando eles lhe puserem questões sobre sexualidade. Mas não se esqueça que as suas respostas devem ser adequadas ao teor das perguntas e à capacidade de compreensão que eles possam ter.

* Dê provas aos filhos de que agradece a Deus por ter os filhos que tem e não outros. Quando não se sentem acolhidas e valorizadas, as crianças julgam-se um peso e sentem-se culpadas.
* Nos momentos de tensão e conflito, tente compreender as motivações da agressividade e da ira dos filhos, a fim de melhor os poder ajudar.
* Ensine os seus filhos a ser amáveis, prestáveis e atenciosos. Procedendo assim está a prepará-los para uma boa integração social e, portanto, a prepará-los para serem pessoas de sucesso.
* Eduque os seus filhos no sentido de serem fieis à Palavra.

* Não humilhe os seus filhos adolescentes em público e muito menos diante de colegas dele. A humilhação dos adolescentes em público pode provocar danos muito profundos.
* Procure conquistar a confiança dos seus filhos adolescentes e prepare-os gradual e progressivamente para a vivência responsável da independência. Não se esqueça de que ele está a preparar-se para voar do ninho!
* Lembre-se de que os filhos não crescem para ser filhos, mas para serem pais dos seus netos.

* Ensine aos seus filhos a prática da reconciliação e treine-os no sentido de serem construtores da paz.
* Não se esqueça de que os filhos aprendem com o que os pais fazem e não com o que os pais dizem. O ditado popular segundo o qual as palavras movem, mas os exemplos arrastam é sobretudo verdadeiro nas relações pais filhos.
* Tenha o cuidado de comunicar muita ternura, afectos e carinhos aos seus filhos. A criança que é acariciada e recebe muita ternura dos pais tem muito melhores resultados na escola do que as crianças carentes de ternura e carícias.

* Lembre-se de que os seus filhos, apesar de serem crianças ou adolescentes devem ser tratados com muito respeito. É esta a maneira de eles aprenderem a relacionar-se com correcção e respeito.
* Não discuta as modas preferidas dos seus filhos adolescentes, nem se ponha a dizer mal dos seus gostos ou preferências musicais. Escute-o quando ele lhe quiser falar do seu ídolo ou quiser fazer elogios à sua banda musical preferida.

* Nos momentos de maior dificuldade e tensão evite descontrolar-se. O descontrolo dos pais pode provocar feridas difíceis de cicatrizar.
* Nos dias em que o seu filho mostre especial relutância em relação a ir à escola procura averiguar as razões. Não se esqueça de que uma criança pode estar a sofrer em silêncio.
* Deixe que os amigos dos seus filhos possam ir lá a casa. É uma maneira de conhecer melhor os colegas dos seus filhos e também um modo de os ter mais perto.
* É importante manter o ritual do deitar os filhos enquanto são crianças: um beijo, uma carícia, dizer-lhe que gosta muito dele ou dela, cantar uma canção ou contar uma história ajudam a criança a adormecer mais serena e seguramente.
* Jogar ou brincar com os filhos é uma prática muito saudável para reforçar a qualidade das relações pais filhos.
* É muito importante haver refeições em conjunto.
*Não se esqueça de que os filhos, para se sentirem seguros e bem amados precisam de sentir que os pais gostam um do outro.
* Mantenha-se em ligação com a escola, a fim de melhor poder ajudar os seus filhos no aproveitamento escolar.

Educar uma criança é lançar os alicerces do homem ou da mulher que ela vai ser. É frequente ouvirmos dizer que levamos connosco a criança que fomos e que não mais se apagará em nós. Isto é tão verdade que à medida em que os anos passam, as pessoas começam a dar-se conta de que a criança que foram vem cada vez mais ao de cima através de recordações associadas ao passado. Na verdade, as experiências e os ensinamentos recebidos em criança são o fundamento de tudo o que vem a seguir. De facto, todas as nossas experiências significativas vão ficando registadas no nosso cérebro.

As nossas experiências modificam o nosso cérebro. Ao modificar-se o nosso cérebro, modifica-se a nossa estrutura psíquica e, portanto, as nossas reacções aos acontecimentos. Isto quer dizer que o modo de nos comportarmos é, em grande parte, fruto da infância que tivemos. Agora já podemos compreender a grandeza da missão das pessoas que têm a tarefa de moldar a personalidade das crianças através da educação.

O amor é a dinâmica indispensável para que a missão educativa tenha sucesso. Na verdade, ninguém é capaz de amar antes de ser amado e a pessoa que foi mal amada ficará a amar mal, isto é, com bloqueios, distorções e tropeções. O modo como o educador se relaciona com a criança decide em grande parte o tipo de pessoa que ela vai ser no futuro. Quanto mais tivermos consciência das feridas que habitam a criança que levamos connosco, mais preparados estamos para compreender e amar as crianças com as quais lidamos. As feridas da criança mal amada são um fardo pesado que a pessoa vai ter de transportar ao longo da vida e das quais só com dificuldade se vai libertar.

Dando amor às crianças estamos alimentando o seu espírito e a ajudá-las a estruturar-se num sentido não egoísta. Agora já podemos dar-nos conta de que a identidade da criança não é uma realidade totalmente limitada à sua dimensão biológica. Modelar a personalidade da criança é, de facto, uma arte que exige muita criatividade e carinho. Não há muitas receitas, mas é possível ter presentes alguns princípios, a fim de formarmos alguns critérios mais ou menos seguros:

*Assim, para começar, é importante estimular e fortalecer a confiança e a auto estima da criança, elogiando as suas realizações.
*Mas não é bom exagerar nos elogios, pois o excesso de elogios cria nas crianças demasiadas expectativas.
*Isto pode dar lugar a frustrações e perda de auto estima, caso não consigam atingir os valores e metas que nós sugerimos.
*Não é bom empregar expressões que não correspondam à verdade dos factos ou à realidade.

*Não é bom discutir os problemas e desajustes comportamentais das crianças em sítios onde elas estejam a ouvir. Quando elas ouvem as discussões dos adultos sobre os seus problemas ficam dominadas por medos e ansiedades.
*Lembremo-nos de que as crianças não sabem defender-se, tomando como verdade absoluta as afirmações que possam ter ouvido sobre elas. Além disso, pensam que aquilo que ouviram são realidades que não podem ser alteradas, passando a agir como em conformidade com aquilo que ouviram.

*Não entreguemos demasiadas responsabilidades e poderes às crianças.
* As crianças necessitam de ser orientadas e conduzidas, a fim de se sentirem seguras. Enquanto é criança, a pessoa humana tem pouca capacidade de escolha, é pouco livre e pouco responsável.
*Mas é muito importante ir dando pouco a pouco novas possibilidades de escolha às crianças, a fim de poderem crescer como pessoas livres e responsáveis. *Quando sobrecarregamos a criança com responsabilidades acima das suas capacidades, estamos a roubar-lhes a possibilidade de serem crianças.

*Não roubemos o mundo das fantasias, dos sonhos e devaneios próprios da criança, coisas essenciais para ela desenvolver a sua sensibilidade e capacidade criadora. Como sabemos, não há criatividade sem sonho e fantasia.
*Não esqueçamos que a super protecção aumenta a dependência da criança e torna-a super sensível.
*A criança deve aprender que uma vida de sucesso também se edifica sobre falhas e fracassos.
*É bom ensinar-lhe que, ao longo da vida, terão de enfrentar dificuldades e obstáculos, ajudando-as a contornar os obstáculos.

*Sejamos leais para com as crianças. Cumpramos as nossas promessas. Sejamos justos nos castigos.
*Os pais ponham-se de acordo sobre o modo como educar e agir. Se actuam em direcções opostas, as crianças sentem-se confusas e perdidas.
*Não se esqueçam que os filhos não respeitam os pais que não se respeitam mutuamente.
*Se um dos progenitores põe a criança contra o outro, por um certo tempo, a crianças considerará este seu progenitor como o melhor, ou como aquele que tem razão. Mas em breve sentirá raiva e desprezo por este lhe ter roubado um dos pilares fundamentais para a sua estruturação afectiva, isto é, o outro progenitor. É preferível deixar que seja a criança a descobrir a verdade dos factos.

*Procure não dizer mal dos professores e da escola, a fim de a criança manter a aprendizagem em alta estima.
*A educação e a cultura serão melhor aceites se os pais falarem desses valores com estima e apreço.
*Seja positivo nas conversas sobre o seu trabalho. Se falar mal do seu trabalho, a criança em breve começará a imitar essas queixas em relação à escola, aos trabalhos de casa, e às tarefas que lhe são pedidas em casa.
*É importante não esquecer que as crianças copiam o que os pais fazem, não o que dizem.

*Arranje tempo para aprender com os seus filhos e eles ficarão bons aprendizes e pedagogos para sempre.
*Procure viver os seus tempos livres e as suas diversões de adulto em separado. Não pretenda que as crianças usufruam as suas diversões de adulto.
*O modo como nos dispomos a acolher e a pedir às crianças que nos escutem condiciona muito a resposta delas para connosco.
*Não nos devemos sentir culpados pelos condicionamentos que lhes transmitimos, desde que não tenha sido por falta de amor.
*Não há educadores perfeitos como não há crianças perfeitas.

*É importante que tentemos dar o melhor às crianças, sabendo que, mesmo assim, não deixaremos de as condicionar.
*Não existe uma fórmula mágica que possibilite uma educação totalmente perfeita ao ponto de não transmitir quaisquer condicionamentos.
*Quando a criança não presta atenção a qualquer dos progenitores, não se deve ver nisto um ataque, mas uma chamada de atenção no sentido de pedir mais tempo para si e mais espaços de comunicação com os pais.
*A sabedoria paternal deve saber distinguir o que é para tolerar e os valores que não podem ser postos em causa.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários:

Enviar um comentário