1-Jesus Cristo sabia muito bem que o ser humano só pode realizar-se e ser feliz mediante o amor. Foi esta a razão pela qual ele fez do amor o seu grande mandamento. No tempo de Jesus, a religião dos judeus tinha uma multidão de mandamentos, normas e preceitos, ao ponto de até os sacerdotes e os doutores da Lei se sentirem confusos diante de todos estes preceitos e leis. E foi assim que Jesus decidiu resumir todas estas leis e preceitos a um só mandamento. Eis o que ele diz no evangelho de São João: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).
2- São Paulo entendeu perfeitamente a importância desta decisão de Jesus de pôr o amor em lugar da multidão dos preceitos e ritos sem valor do judaísmo. Eis as palavras de São Paulo que reforçam a decisão de Jesus: “Amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei de Moisés” (Rm 13, 8). Depois acrescenta: “O amor é o pleno cumprimento de toda a Lei (Rm 13, 10).
3- Jesus disse a mesma coisa quando afirmou que ele não veio anular os mandamentos da Lei, mas cumpri-la até ao último ponto. Com estas palavras, Jesus queria dizer que a sua decisão de amar todas as pessoas era o modo de cumprir tudo aquilo que as leis e preceitos não eram capazes de cumprir. Inspirado nos ensinamentos de Jesus, São Paulo compôs um hino que é dos poemas mais belos que a Humanidade já disse sobre o amor:
1- “Ainda que eu fale as línguas dos anjos e dos homens, se não tiver amor não passo de um bronze que soa e faz barulho. Mesmo que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor não me vale de nada. Ainda que eu tenha uma fé capaz de deslocar montanhas, se não tiver amor, nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens pelos pobres e me entregue para ser martirizado, se não tiver amor, de nada me aproveita. O amor é paciente e prestável.
O amor não é invejoso. Não é arrogante nem orgulhoso. O amor nada faz de inconveniente nem gira sempre à volta do seu interesse. Também não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. O amor desculpa tudo e acredita sempre. Espera tudo e tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13, 1-8). Jesus pede-nos para estarmos atentos aos seus ensinamentos, a fim de atingirmos a profundidade do amor ao jeito de Deus, isto é, o amor universal.
2- Eis a proposta que Jesus fez aos seus discípulos: “Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Eu, porém, digo-vos: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Fazendo assim, acrescenta Jesus, tornar-vos-eis filhos do vosso pai que está nos Céus, o qual faz com que o sol se levante todos os dias sobre bons e maus e faz cair a chuva sobre justos e pecadores (…). Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai do Celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48).
3- O jeito de Jesus amar era de tal modo semelhante à maneira como Deus Pai amava que um dia ele disse o seguinte ao apóstolo Filipe: “Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9). Numa outra ocasião Jesus afirmou: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).
1- Os ensinamentos de Jesus sobre o amor querem dizer que quanto mais formos capazes de amar a todos mais nos tornamos semelhantes a Deus. É isto o amor caridade. Por termos sido criados à imagem de Deus nós temos esta capacidade maravilhosa de amar, isto é, de querer bem e querer o bem dos outros, facilitando a sua realização e felicidade. Amando assim, os cristãos tornam-se um sinal de Deus para o mundo.
Jesus disse aos seus discípulos para amarem ao jeito de Deus, a fim de se tornarem no mundo um sal que dá sabedoria às pessoas e uma luz que confere sentidos para viver. Como Jesus nos deu a força do Espírito Santo que estava nele, o jeito cristão de amar vai mais longe que o simples amor humano. Eis o ensinamento de Jesus aos discípulos: Olhando para o vosso jeito especial de amar, os homens darão glória ao vosso Pai que está nos Céus (Mt 5, 13- 17).
2- Por outras palavras, o amor faz dos cristãos sinais da bondade de Deus e do seu amor na História Humana. No evangelho de São Mateus, Jesus diz que considera o bem e o amor que damos aos irmãos como tendo sido feito à sua pessoa (Mt 25,40). A densidade do amor com que amamos os irmãos capacita o nosso coração para comungar com Deus.
3- A Lei e os profetas, disse Jesus, resumem-se neste princípio único: “Devemos fazer aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem” (Mt 7, 12). Este ensinamento de Jesus diz-nos que aprofundar o mistério do amor é o mesmo que aprofundar o mistério de Deus e do Homem. De facto, a bíblia diz que Deus é amor (Jo 4, 7).
1- A nossa fé diz-nos que Deus é uma comunidade é uma comunidade familiar de três pessoas que amam de modo infinito. Como fomos criados à imagem de Deus também nós estamos talhados para o amor e, por isso, só nos podemos realizar-se e ser felizes em comunhão com os outros.
Na verdade, quando amamos o irmão, este sente que uma porta se abriu para si. Sente que não está sozinho e por isso começa a crescer nele a confiança e a capacidade criar coisas novas e colaborar com os outros. Quando uma pessoa se sente amada muitos dos seus problemas começam a encontrar solução. Isto significa que o amor é libertador, capacitando a pessoa para se realizar como ser livre, consciente e responsável.
2- Quando o nosso amor se torna universal, isto é, direccionado para todos, começamos a eleger os outros como irmãos para lá da língua, da raça, da cultura e da nacionalidade. Jesus ensinou os discípulos a amar com um amor universal, isto é, aberto a todos, a fim de adquirimos um coração aberto a toda a Humanidade.
3- Eis alguns dos ensinamentos importantes de Jesus que vão neste sentido: “Se amais apenas os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Os publicanos também fazem o mesmo. Se saudais apenas as pessoas da vossa raça e língua que fazeis de extraordinário? Não fazem assim também os pagãos? Sede perfeitos no vosso amor, tal como o vosso Pai do Céu é perfeito” (Mt 5, 46-48).
1- Isto quer dizer que o amor caridade abre o nosso coração para as pessoas de todas as raças, línguas e nações. É assim de Deus amar. São João escreveu uma carta aos cristãos do seu tempo onde diz: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus. Aquele que não ama não chega a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (Jo 4, 7-8).
Podemos dizer que a nossa identidade espiritual é o nosso jeito de amar. Esta identidade nunca morrerá. Com efeito, na Festa dos ressuscitados com Cristo todos dançaremos o ritmo do amor mas cada qual com o jeito que treinar agora aqui na História.
TODOS: Jesus foi totalmente fiel ao amor a Deus aos irmãos. Procedendo assim, disse ele, cumpriu de maneira perfeita os ensinamentos dos profetas e da Lei de Moisés (Mt 5, 17). Pela maneira com viveu e falou do amor, vê-se que Jesus entendia bem os mistérios de Deus e do Homem.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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