Sem Amor a nossa Vida não é Humana


Sem amor o ser humano não tem razões válidas para viver. O amor confere qualidade verdadeiramente humana à vida das pessoas. De facto, os seres humanos não nascem humanizados. A humanização é um processo gradual que implica decisões, escolhas, opções e planos marcados com o selo do amor.

O ser humano humaniza-se assim: cresce como ser espiritual através das relações de amor com os outros. Crescer espiritualmente significa que a nossa interioridade pessoal cresce em densidade espiritual e em capacidade para fazer o bem. Por outras palavras, à medida em que cresce como interioridade pessoal-espiritual, o ser humano torna-se capaz de comungar mais e melhor com os outros.

Sem amor é impossível acontecer a humanização do Homem. Não basta ser inteligente. A inteligência sem amor gera perversões e cria armas assassinas que matam muitos milhões. Sem amor, o sucesso torna as pessoas arrogantes e opressoras.
Sem amor, a justiça torna-se prepotente e injusta.
Sem amor, a riqueza torna as pessoas avarentas e desumanizadas.

A verdade, sem amor, converte-se em afirmações agressivas que vão magoar os outros.
A beleza, sem amor, deixa de ser um caminho para a ternura e a comunhão.
A autoridade, sem amor, torna tiranos aqueles que a exercem e machuca aqueles que lhe são subordinados.
O trabalho, sem amor, torna as pessoas infelizes e subservientes. Se for realizado num clima de amor, o trabalho converte-se num modo privilegiado de o ser humano se realizar como pessoa.
A oração, sem amor, é hipocrisia farisaica.

Sem amor, as leis geram servilismo e mecanismos de revolta. O amor é criativo: todos os dias inventa gestos e atitudes adequados para ajudar os outros a crescer.
Sem amor, a fé não é teologal, isto é, não é um dom do Espírito Santo. Com efeito, a vida teologal concretiza-se em atitudes de Fé, de Esperança e Amor Caridade, ou seja, Amor ao jeito de Cristo.
Sem amor, a fé tende a gerar fanatismo religioso.
Sem amor, a pessoa humana não atinge a sua realização.

Por outro lado, de facto, o amor dos outros capacita-nos para amar. É o amor dos outros que nos confere o leque de talentos que possibilita a nossa realização. Os nossos planos e opções de amor são o modo de realizarmos os talentos que recebemos através do amor dos outros.

São Paulo, o grande cantor do amor ao jeito de Cristo, isto é, a caridade, diz o seguinte: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver caridade.

Ainda que eu tenha uma fé tão grande que transporte montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Mesmo que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita.

A caridade é paciente e prestável. Não é invejosa. Não é arrogante ou orgulhosa. A caridade não faz coisas inconvenientes, nem procura o seu próprio interesse. A caridade não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. A caridade tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará” (1 Cor 13, 1-8).

Resumindo este hino maravilhoso ao amor podemos dizer: sem amor, a nossa vida não é humana e, portanto, não pode ser divinizada!


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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