Naquele dia os Apóstolos ficaram encantados. Tinha-lhes acontecido uma coisa maravilhosa: Jesus tinha-os mandado a pregar às aldeias vizinhas e o resultado fora extraordinário. As pessoas vinham em multidão atrás deles.
A Palavra de Deus é uma Boa Nova que encanta muita gente. Os Apóstolos não eram jogadores de futebol famosos nem cantores famosos ou atletas conhecidos no mundo inteiro. Também não eram actores de cinema nem tinham feito cursos universitários.
Pelo contrário, os discípulos de Jesus eram pessoas muito simples. Alguns nem sabiam ler! Vestiam pobremente e, como eram pescadores, as suas roupas cheiravam a peixe. No entanto, fizeram a experiência das maiores maravilhas que podem acontecer a um homem.
O que fazia dos Apóstolos pessoas especiais era o facto de viverem com Jesus. Deus chama pessoas comuns para servirem o Evangelho. Mas àquelas que aceitam o seu chamamento, Jesus torna-as capazes de realizar obras maravilhosas.
Naquela manhã, Jesus mandou os Apóstolos pregar às aldeias vizinhas. Depois ficou à espera deles num sítio determinado. Ao regressarem, Pedro vinha à frente. Vinha tão contente que não conseguia calar a sua alegria. Ainda vinha muito longe quando começou a gritar por Jesus.
Ao enviá-los, Jesus tinha-lhes dito: “Ide anunciar às pessoas que o Reino de Deus está próximo. Também vos dou poder para curardes os doentes e libertardes as pessoas dos males que as oprimem”. Eles, sem entenderem muito bem o que isso era, partiram. Mas nunca podiam imaginar as maravilhas que lhes viriam a acontecer.
Jesus estava sentado à sombra de uma árvore, esperando o seu regresso. Pedro, caminhando à frente de todos, não conseguia conter tanta alegria. Correu para Jesus, deu-lhe um abraço, e disse: “Nem podes imaginar as maravilhas que aconteceram! Nós nem podíamos acreditar. As pessoas juntavam-se a nós e ficavam maravilhadas com a nossa mensagem. Os doentes curavam-se quando nós os tocávamos!”.
Ao enviar os Apóstolos, Jesus comunicou-lhes a força do Espírito Santo. Por isso é que eles podiam fazer todas aquelas maravilhas. Jesus quer a salvação das pessoas. Por isso partilhou com os discípulos o poder de Messias que Deus Pai lhe tinha comunicado: o Espírito Santo.
As pessoas que vieram atrás dos discípulos acabaram por se juntar formando uma multidão. Jesus olhou para aquelas pessoas e sentiu pena de ver tão cansadas. Eram realmente pessoas oprimidas pelo peso de uma vida difícil. Os sacerdotes não as estavam a ajudar. Precisavam de um guia que as ajudasse a caminhar para uma vida nova. Jesus comoveu-se e disse: “parecem ovelhas sem pastor”.
Depois de ter dito isto, subiu para uma pequena colina, abriu os braços e saudou aquelas pessoas. Depois começou a dizer-lhes que Deus gosta muito delas e por isso fez um plano de salvação para elas. O Pai do Céu, dizia Jesus, enviou-me para realizar este plano.
Os discípulos começavam a ficar nervosos, pois era tarde e as pessoas não tinham de comer. Então um dos discípulos aproximou-se de Jesus e disse-lhe: manda as pessoas embora, pois estão cheias de fome e aqui não lhes podemos dar de comer.
Apesar das maravilhas que tinham visto, os discípulos ainda não compreendiam que era Jesus. Nesse momento, Jesus disse a Filipe: “Dai vós de comer a estas pessoas”. Filipe assustou-se e disse: “nós?”. Como podemos nós alimentar esta multidão? Está ali um jovem com cinto pães e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?”
Jesus disse a André, irmão de Pedro: “diz ao jovem que traga aqui os cinco pães e os dois peixes”. O jovem aproximou-se. Jesus olhou-o com amizade, sorriu-lhe, e pondo a mão sobre o seu ombro disse: “estás disposto a partilhar a tua merenda, a fim de podermos comer todos?”. O jovem acedeu ao convite de Jesus, entregando os cinco pães e os dois peixes.
Jesus pediu aos discípulos para mandarem sentar as pessoas sobre a relva em grupos de cinquenta e cem pessoas. Em seguida abençoou os pães e os peixes, dando graças a Deus Pai pela força libertadora do amor e da partilha. Depois de partir os pães e os peixes mandou-os distribuir pela multidão. As pessoas comeram até ficarem saciadas. No final os discípulos recolheram o que sobrou.
Nesse momento, a mente dos discípulos abriu-se, associando esta experiência a um ensinamento que Jesus lhes tinha feito. Jesus explicado nesse ensinamento que Ele é o Pão da Vida Eterna e a fonte da salvação. Os discípulos compreenderam que o amor é o alimento da salvação.
Associando o milagre dos pães e dos peixes com as maravilhas que lhes tinham acontecido durante a pregação dessa manhã, os discípulos entenderam que o Reino de Deus já estava em acção no meio deles, pois já começavam a ver os sinais de abundância. Estava a acontecer o que o profeta Isaías tinha dito muito antes: “Vinde todos, mesmo os que não têm dinheiro. Vinde, levai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, pois tudo é de graça” (Is 55, 1).
Compreenderam que as pessoas que partilham com os irmãos vencem o drama da solidão e da fome. Agora os discípulos entendiam a razão pela qual Jesus se chamou a si mesmo o pão da vida.
Foi para dizer esta verdade que Jesus nos deixou a Eucaristia. No momento da comunhão acontece em nós um milagre: o Espírito Santo fortalece os laços de união que existem entre nós e Cristo, fazendo de nós o corpo de Cristo.
Ser discípulo de Cristo é participar da sua missão de libertar as pessoas de tudo o que as oprime e impede de viver a liberdade dos filhos de Deus.
Jesus é o Salvador anunciado pelos profetas. Deus consagrou-o com o poder do Espírito Santo para realizar esta missão (Lc 4, 18-21). Os seus discípulos, para poderem continuar a missão de Jesus, são consagrados com essa mesma força do Espírito Santo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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