A Vida com Letra Grande!



Naquele tempo, quando o Céu ainda não era azul e Terra não era verde, a natureza começou a preparar o berço para a vida poder aparecer. A Terra ainda estava em formação. Como havia muitos vulcões em actividade, o solo estava bastante quente.

Devido à actividade dos vulcões acontece em abundância o fenómeno da condensação e formam-se os primeiros lagos sobre a Terra. A água destes lagos era quente e estava constantemente a ser bombardeada por grandes descargas eléctricas. Foi neste dinamismo primordial da Terra que apareceu a vida. Nessa altura, o Céu começa a tornar-se azul e a Terra verde, graças à função clorofilina dos seres vivos.

Os primeiros seres vivos eram minúsculos. Se os seres humanos existissem nessa altura, só os podiam ver com a ajuda de potentes microscópios. Mas Deus, ao criar esta vida minúscula, já estava a pensar na vida com maiúscula, isto é, os seres Humanos, os quais têm um coração capaz de amar e comungar com Deus e os irmãos.

Deus teve o cuidado de pôr a vida a evoluir, a fim de se tornar cada vez mais perfeita. Na linguagem da Bíblia, a evolução é o barro a amassar-se, a fim de poder surgir o Homem. Como Adão era uma pessoa humana já podia comungar com Deus. Deus deu-lhe Eva por companheira, a fim de a amar e comungar com ela. Mas Adão foi infiel e em vez de comungar com Deus virou-lhe as costas. Com este procedimento, Adão entrou no caminho do fracasso.

Eis o que diz a Bíblia: “O Senhor Deus disse: “eis que o Homem, quanto ao conhecimento do bem e do mal, se tornou como um de nós. Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore da Vida e, comendo dele, viva para sempre.

Então, o Senhor Deus expulsou Adão do Jardim do Éden, isto é, do Paraíso. Depois de ter expulso o Homem do Paraíso, Deus colocou a oriente do jardim uns Querubins com uma espada flamejante, a fim de guardarem o caminho da Árvore da Vida” (Gn 3, 22-24).

A Bíblia diz que havia no centro do Paraíso duas árvores muito importantes: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. A seiva da árvore do conhecimento do bem e do mal é o egoísmo que dá um fruto mortal que se chama capricho ou arbitrariedade. Os que comem o fruto desta árvore descobrem que estão nus. Isto quer dizer que entram no caminho do malogro e do fracasso.

Com efeito, as pessoas que se alimentam do capricho e da arbitrariedade, não chegam à maturidade humana, pois não atingem uma consciência profunda, nem chegam a ser verdadeiramente livres e capazes de amar.

A Árvore da vida, pelo contrário, faz germinar a Vida com maiúscula no coração dos que comem o seu fruto. O fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo que nos capacita para sermos fiéis à Aliança de Deus. No coração dos que comem este fruto nasce a certeza da salvação em Cristo. Eis o que diz o livro do Apocalipse: “E vi descer do Céu, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, preparada, qual noiva vestida e adornada para o seu esposo” (Apc 21, 2).



O profeta Isaías diz que o Messias surge como um rebento da Árvore da Vida, o qual nos conduz ao encontro do Homem com Deus. A raiz da Árvore da Vida, Deus, comunica-nos o Espírito Santo que nos capacita para darmos frutos de Vida Eterna que é a vida com maiúscula. Eis as palavras do profeta Isaías:

“Brotará um rebento do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes. Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor: Espírito de Sabedoria e entendimento, Espírito de Conselho e Fortaleza. Espírito de Ciência e amor a Deus” (Is 11, 1-2).

A Bíblia diz que Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança (Gn 1,26-27). Por isso o ser humano tem um coração cheio de fome de amor. O amor é o fruto mais rico da Vida com Maiúscula. Nós fomos criados para comer o fruto da Árvore da Vida e, deste modo, atingirmos a vida com maiúscula que é a comunhão com Deus.

O ser humano só pode ser livre se tiver a possibilidade de decidir e escolher. Eis a razão pela qual, no Paraíso, tinha de haver outra árvore além da Árvore da vida, a fim de o homem poder escolher e tornar-se livre. Foi por esta razão que Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal ao lado da árvore da vida.

Qualquer destas árvores estava ao perfeito alcance do homem. As duas árvores significam a capacidade que a pessoa humana tem de escolher pelo bem ou o mal. O Senhor confiava no coração do Homem, pois este tinha sido criado à imagem de Deus. Mas o Homem cedeu à tentação e comeu o fruto errado.

A tentação é uma insinuação que emerge na nossa mente, convidando-nos a agir em sentido oposto ao plano de Deus que é o nosso bem. Adão cedeu à tentação, decidindo e escolhendo no sentido errado. Como consequência deste pecado, o Paraíso foi fechado. Foi assim que Adão introduziu a Humanidade no caminho do Malogro e do fracasso.

Como Deus é Amor infinito, não podia deixar de nos amar infinitamente. Por isso, através de Cristo, deu-nos um beijo que faz de nós filhos de Deus: O beijo da Encarnação que nos comunica o Espírito Santo, o qual faz de nós membros da Família de Deus (Rm 8, 14-17; Ga 4, 4-7).

Através deste beijo, fomos conduzidos de novo para o plano de Deus, entrando no caminho da Vida Eterna que é a Vida com maiúscula. No momento da sua morte e ressurreição, Jesus Cristo abriu de novo o Paraíso à Humanidade. A vida com maiúscula ficou de novo ao nosso alcance.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento de morrer: “Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Deste modo, Graças Jesus ressuscitado que nos dá o Espírito Santo, a Humanidade passa a fazer parte da Família de Deus. Cristo é a Árvore da Vida cujo fruto é o Espírito Santo que nos comunica a Vida com maiúscula, isto é, a Vida Eterna.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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