O Pai-Nosso como Síntese do Evangelho


Olá! Partilhamos mais um trabalho do pe.Santos, desta vez sobre o Pai-Nosso. Fica guardado na "secção" Jesus Cristo no Plano de Deus. Aqui está o índice e o início do texto, para quem desejar aprofundar. Um grande abraço!


 
1-O Pai-Nosso e Nova Aliança
2-Pai-Nosso Que Estais no Céu
3-Santificado Seja o Vosso nome
4-Venha a Nós o Vosso Reino
5-Que a Vossa Vontade se Faça
6-O Pão Nosso de Cada Dia Nos Dai Hoje
7-Perdoai-nos as Nossas Ofensas
8-Não Nos Deixeis Cair em Tentação
9-Mas Livrai-nos do Mal


1-O Pai-Nosso e Nova Aliança

Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo. Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus apenas quis transmitir-lhes um conjunto de ensinamentos, a fim de eles aprenderem a falar com Deus com critérios de Nova Aliança.

Se Jesus quisesse ensinar uma fórmula para os discípulos repetirem de cor e de modo literal, estes tê-la-iam conservado tal qual Jesus a ensinou. Mas não foi isto que aconteceu, pois o Pai-Nosso de Lucas e o de Mateus, têm fórmulas diferentes, embora os seus conteúdos teológicos sejam idênticos (Lc 11, 2-4; Mt 6, 9, 13).

Ao apresentar o Pai-Nosso como critério para orar ao jeito da Nova Aliança, Jesus distanciou-se profundamente dos outros grupos judaicos. O termo “Abba”, Pai ou papá, é original de Jesus. Nenhum judeu seu contemporâneo ousava utilizar este termo nas suas orações. Para a mentalidade judaica do tempo de Jesus, dirigir-se a Deus chamando-o de meu Pai era um comportamento sacrílego, pois não mantinha a distância que deve existir entre o Homem e Deus.

Ao ensinar os discípulos a orar ao seu jeito, Jesus quis demarcar-se dos diversos grupos religiosos existentes, os quais afirmavam a sua identidade cultivando um jeito próprio de orar, a fim de se diferenciarem dos outros grupos. Tanto os fariseus como os saduceus, os essénios ou os discípulos de João Baptista, os mestres ensinavam aos discípulos um modo de orar que fosse diferente, a fim de afirmarem a sua identidade.

O evangelho de São Mateus diz que Jesus, ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, esta a marcar a diferença dele e dos seus discípulos face aos diferentes grupos existentes, bem como face aos pagãos (Mt 6, 5-8). Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus apenas quis ensinar os discípulos falarem com Deus Pai como um filho fala com um Pai muito querido. Mais tarde, o Espírito Santo ensinará os discípulos a dialogar com Jesus ressuscitado, falando com ele como um irmão dialoga com outro irmão: “O que pedirdes em meu nome eu o farei de modo que, no Filho, se revele a glória do Pai. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome eu a farei” (Jo 14, 13-14).

Com a apresentação do Pai-Nosso, Jesus está a ensinar aos discípulos a dialogar com Deus ao jeito de um diálogo familiar. No Pai-Nosso, Jesus ensina aos discípulos que o conteúdo da sua oração deve ser tudo aquilo que possa interessar a Deus e ao Homem. Estão presentes a vinda do Reino, o amor de Deus por nós, a nossa fragilidade e a necessidade de sermos ajudados para não cairmos na tentação.

Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus quis ensiná-los a falar com Deus tal como ele falava com o seu Pai querido. Por outras palavras, o Pai-Nosso reúne um conjunto de critérios capazes de fazer que a oração dos discípulos se processe em forma de uma oração com sabor a Nova Aliança.

São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros em relação a Deus Pai e co-herdeiros em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17; cf. Gal 4, 4-7). Por outras palavras, ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus quis que eles se sentissem membros da Família de Deus.

É como membros da Família que nós devemos dialogar com Deus. É o próprio Espírito Santo que nos convida a orar, introduzindo-nos no próprio diálogo de Deus com seu Filho. Eis alguns aspectos teológicos importantes que a oração do Pai-Nosso nos transmite (Ler Mais...)

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