Pescador em Rawa Pening, Indonésia
Senhor Deus,
A Criação está cheia de vestígios das perfeições divinas.
Podemos dizer que todas as perfeições existentes nos seres criados
existem em grau de perfeição infinita no criador.
Deste modo, quando contemplamos as perfeições da Criação
podemos elevar-nos à contemplação do Criador.
A vossa Palavra completa este conjunto de possibilidades de Vos conhecermos,
Deus Santo, nas vossas perfeições infinitas.
A nossa fé diz-nos que Vós sois infinitamente perfeito,
tanto nas qualidades do Pai, como do Filho e do Espírito Santo.
Mas a nossa fé também nos assegura
que apesar de serdes uma comunhão de três pessoas, sois um único Deus.
Na verdade, o Uno, em Deus, é a comunhão. As pessoas são o plural.
Apesar de ser um só Deus, a Divindade não é um Eu,
mas um Nós, pois é uma comunhão orgânica.
É esta a razão pela qual, ao falarmos das perfeições divinas,
tanto podemos falar das perfeições próprias de cada uma das pessoas,
como das perfeições da Divindade enquanto Deus único.
A nossa fé diz-nos que a maior parte das perfeições em Deus
são comuns às três pessoas divinas.
Isto é verdade para a grandeza infinita, a eternidade,
o conhecimento perfeito de todas as coisas, a presença a todo o Universo,
a capacidade infinita de amar e tantas outras perfeições.
A Vossa Palavra diz-nos que as pessoas divinas não têm limitações ou imperfeições.
As pessoas humanas, pelo contrário, têm limitações,
tanto a nível corporal, como psíquico ou moral.
Uma das perfeições divinas que se nos impõem logo à partida
é o facto de as pessoas divinas serem eternas.
Nunca houve um tempo em que o Pai, o Filho ou o Espírito Santo não existissem.
É verdade que as pessoas humanas,
pelo facto de possuírem uma dimensão espiritual, são imortais.
Mas ao contrário das pessoas divinas não existem desde sempre.
As pessoas divinas são infinitamente perfeitas.
Não podem mudar para melhor, pois são sempre o melhor possível.
As pessoas humanas, pelo contrário, são seres em construção
e por isso estão em processo histórico de aperfeiçoamento.
A natureza divina é profundamente dinâmica,
pois Deus é emergência permanente de três pessoas infinitamente perfeitas
e em total convergência de comunhão.
Isto quer dizer que Vós, Deus Santo,
sois criador desde toda a eternidade,
pois a natureza divina é criatividade permanente.
Podemos dizer que as relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo nunca se repetem.
Quando dizemos que Deus é imutável,
queremos dizer que não muda neste seu jeito de ser de modo sempre novo.
A Divindade emerge como amor paternal na primeira Pessoa da Santíssima Trindade
e como amor filial na segunda.
Emerge ainda como amor maternal na terceira pessoa da Santíssima Trindade.
O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus.
O conhecimento de Deus é total e perfeito,
pois todas as coisas foram criadas a partir do diálogo amoroso da Santíssima Trindade.
Outra qualidade que reconhecemos em Deus pela fé
é o seu modo de estar presente a todos os lugares, apesar de não caber em nenhum.
Seja qual for o lugar em que nos encontremos
podemos dizer com toda a verdade: “Deus está aqui”.
De facto, Vós sois, Deus Santo, a realidade que está mais perto de nós,
pois encontras-te connosco no nosso coração.
Quando subimos a uma montanha muito alta,
não estamos mais perto de Deus
do que quando descemos a um vale muito profundo.
Nenhum ponto do Universo está mais perto de Vós, Deus Santo, do que outro.
Eis a razão pela qual não precisamos de gritar para nos fazermos ouvir de Vós,
Deus Santo, pois Vós estais onde cada um de nós se encontra.
Os Actos dos Apóstolos dizem que Deus não está longe de cada um de nós,
pois nele estamos e nos movemos (cf. Act 17, 24-28).
A nossa fé proclama a vossa santidade, Trindade Santa,
como uma qualidade fundamental.
Na verdade, a santidade é igual a comunhão amorosa.
Se Vós sois uma comunhão de amor infinito, então Deus é santidade infinita.
Também as pessoas humanas, tal como as divinas, serão tanto mais santas
quanto mais profunda for a sua vivência de comunhão com os irmãos.
As pessoas humanas, diz a Primeira Carta de São João,
conhecerão tanto melhor a realidade de Deus quanto maior for a sua capacidade de amar:
“Quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 8).
E depois acrescenta:
“Quem ama permanece em Deus e Deus nele porque Deus é amor” (1 Jo 4,16).
As Sagradas Escrituras são unânimes em reconhecer que Deus é a Verdade.
Aquilo que Deus conhece das coisas, corresponde exactamente àquilo que as coisas são.
Por ser a verdade, Deus nunca se engana nem nos pode enganar.
Do mesmo modo, o que Deus conhece de si mesmo
corresponde exactamente àquilo que Deus é.
Espírito Santo,
Ajuda-nos a conhecer a vontade de Deus,
pois esta coincide sempre com o que é melhor para nós.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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