Deus e o Sofrimento Humano


                                        

a)    A Visão do Antigo Testamento
1 – Antes do Exílio
2 -  Depois do Exílio
3 -  Demónio e Sofrimento
4 – Influências do Judaísmo no Novo Testamento
4.1. – Influência dos Apocalipses Judaicos no Novo Testamento
4.2. - As Curas de Cristo Interpretadas Como Exorcismos
b)   O Sofrimento no Novo Testamento
c)    Sofrimento e Sentido cristão da Vida
1 – O Cristão e a Luta Contra o Sofrimento
2 -  Sofrimento e Sentido da Vida


a)   A Visão do Antigo Testamento
1 – Antes do Exílio

O sofrimento e o mal, no período anterior ao Exílio, século sexto antes de Cristo, era visto como uma realidade provocada por Deus para punir o pecador. A questão do sofrimento e da felicidade eram vistos dentro de um esquema simplista de justiça-retribuição e pecado-castigo. Os amigos de Deus serão felizes e terão uma vida longa (Dt 5, 3; 30, 15; Sal 41, 3; Prov 13, 21).

O prémio e o castigo de Deus acontecem na Terra. Após o falecimento da pessoa, o corpo torna-se pó e a interioridade pessoal fica em estado de morte, apesar de subsistir. Na morada dos mortos, a pessoa não convive nem comunga. O shéol é o lugar das sombras.

Para o pensamento bíblico, a pessoa está viva enquanto convive. Pelo acontecimento da morte deixa de conviver, por isso fica em estado de morte, apesar de a sua interioridade subsistir. Fica como um fantasma a movimentar-se sem qualquer consciência de existir e estar junto dos seus antepassados.

Uma vez que esta é a condição humana, o prémio do justo acontece sobre a Terra, tal como o castigo do pecador: o justo terá uma vida longa, muitos filhos, muitas terras e rebanhos. Tudo lhe correrá bem. Por outro lado, Deus provocará o mal, a fim de castigar o pecador. Este terá uma vida atribulada. Os seus filhos não sobreviverão ou serão atormentados com doenças. As suas terras e rebanhos não produzirão. Após a morte, a sorte do pecador e a do justo é exactamente igual: habitar no lugar das sombras que é a morada dos mortos (cf. Gn 37, 35; Nm 16, 30; Is 5, 14; 38, 18; Ez 26, 20; 31, 14-17; Sal 22, 30; 28, 1; 30, 4; 30, 10; 55, 16; Prv 1, 12; 5, 5).

Nessa morada sem esperança, a interioridade humana assemelha-se a uma bateria descarregada. Não tem energia para a dinâmica das relações. No momento da morte, Deus retira do interior do homem o sopro vital, que lhe fora insuflado no momento da sua criação (Gn 2, 7). No entanto, esta bateria é “recarregável”. Se o Espírito de Deus fosse à morada dos mortos dava-se a ressurreição da carne. O homem voltava a encontrar-se na festa da vida e da comunhão.

Em hebraico, o termo “awon” significa pecado e castigo. O pecado é uma transgressão à Aliança ou à lei mosaica, a qual implica sempre um castigo. O sofrimento é a sorte dos pecadores. Os justos não sofrem. O pecado leva sempre consigo o castigo. Este implica sofrimento (cf. Ez 18, 30; 44, 12; Is 30, 13; Os 5, 5; Job 31, 11; 44, 28). As crianças sofrem, não pelo seu pecado mas pelo pecado dos pais (cf. Is 14, 21; 53, 11; Jer 11, 10; Ez 18, 17; 18, 19-20). O justo, pelo contrário, será poupado ao sofrimento e terá vida longa (cf. Prov 10, 27)... (Ler o Texto Completo)

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