Páscoa (III): Hino a Jesus Cristo Ressuscitado


Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu Venceste a morte no próprio acto de morrer.
Tu és, na verdade, o Senhor da vida.

Edificaste sobre o alicerce do amor
e por isso a tua tenda não foi destruída pelos vendavais que a ameaçavam.
Como te deste de modo de modo total e sem reservas,
não podias terminar a tua existência no vazio da morte.

De ti nos vem o Espírito Santo que nos incorpora
na comunhão universal do Reino de Deus cujo coração és tu.
Apesar de seres homem connosco também pertences à esfera de Deus.
A tua interioridade humana interage
e está unida de modo orgânico à interioridade divina do Filho de Deus.
O vínculo que une e dinamiza esta interacção humano-divina é o Espírito Santo.

Jesus de Nazaré, a tua humanidade faz um com o Filho Eterno de Deus,
não por se fundirem ou misturarem, mas porque interagem de modo directo.
Tu és o Cristo de Deus.
A tua realidade assenta em dois pilares
que fazem uma unidade orgânica no Espírito Santo
semelhante à união orgânica que existe entre Deus Pai e o Filho Eterno de Deus,
os quais fazem uma união orgânica no Espírito Santo.
No evangelho de São João tu mesmo dizes isto quando afirmas:
“Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu és o Senhor do Universo e a Cabeça da Nova Criação.
Com a tua ressurreição chegou o fim dos tempos,
isto é, o fim da gestação e o começo do parto
que deu origem ao nascimento do Homem Novo.

Foi esta maravilha de amor que levou São Paulo a fazer a seguinte afirmação:
“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho.
Tudo isto nos vem por Deus que, em Jesus Cristo,
nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens.
Por seres homem connosco pertences à união orgânica humana universal.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Por seres Deus com o Pai e o Espírito Santo,
pertences à organicidade divina da Santíssima Trindade.
És do lado de Deus e do lado Homem,
pois tens uma face humana e outra divina.
O Humano e o divino, em ti, interagem de modo definitivo.
Esta é a razão pela qual tu és o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5).

Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor, dando a vida por ela.
Por isso edificaste uma morada no coração de todos os seres humanos.
Viveste a nossa condição de homens em construção,
por isso sintonizas plenamente connosco.

Em ti, a dimensão divina não anula a humana,
pois Deus e o Homem não são concorrentes mas convergentes.
És a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, não o anula.
Pelo contrário, unindo-te ao humano tu o optimizas,
capacitando-o para dar frutos de Vida Eterna.
E assim nos asseguras que o humano será assumido no divino,
sem o mutilar ou empobrecer.

A seiva que vivifica esta união orgânica é o Espírito Santo,
o fruto da Árvore da Vida que nos dá a Vida Eterna.
Com o mistério da tua ressurreição tu nos comunicaste a Água Viva
que faz brotar em nós uma fonte de Vida eterna,
como afirmas no evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Contigo e através de ti nós atingimos o limiar da divinização
ao sermos incorporados na Família Divina
como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Deus.

Após o mistério da Encarnação,
os seres humanos foram enriquecidos
como os ramos de limoeiro frágil são enriquecidos pela seiva da laranjeira vigorosa,
depois de nela terem sido enxertados.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu mereces a gratidão de todas as gerações,
pois tu abriste à Humanidade as portas do Paraíso fechadas por Adão,
como tu disseste ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).
Em ti, o Humano e o Divino estão unidos para sempre.

Somos salvos na medida em que formamos um todo orgânico contigo.
No evangelho de São João tu dizes que a nossa união contigo
é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os ramos (Jo 15, 1-7).
A nossa vida será fecunda se estivermos unidos a ti
como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

Com os teus ensinamentos e o teu jeito de viver
introduziste na marcha da História uma dinâmica de libertação,
à qual se opuseram os opressores do teu tempo.
No momento da tua morte, os teus inimigos cantaram vitória.
Não podiam imaginar que esse momento significava a vitória da vida sobre a morte.

Como homem foste em tudo igual a nós excepto no pecado.
Viveste ao lado dos outros homens sem os considerar inferiores
ou indignos da tua amizade.
A tua acção era a expressão da vontade de Deus,
revelando-nos deste modo o rosto e o coração bondoso do nosso Pai do Céu.

Na verdade, o amor com que nos amaste
foi a expressão da paixão de Deus pela Humanidade.
No momento da tua ressurreição inauguraste,
com os que te precederam na História, a festa da Comunhão Universal.

Unidos a todos os que estão unidos à tua glória de ressuscitado,
nós te dizemos: Glória a ti, Jesus Cristo Ressuscitado!  


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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