CONTEÚDOS DA FÉ EM FRASES CURTAS

I-A ARTE DE CONSTRUIR O HOMEM

A única força de que dispomos para ajudar os outros a entrar no caminho do amor é amá-los.
O amor propõe-se, mas jamais pode impor-se. De facto, ninguém é capaz de fazer uma lei que obrigue as pessoas a amar.

Isto quer dizer que a pessoa humana não é capaz de amar se não for amada primeiro. Ao criar-nos, Deus capacitou-nos para amar, mas para isso teve de nos amar primeiro.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Nós amamos graças ao facto de Deus nos ter amado primeiro” (1 Jo 4, 19).

O amor como capacidade de eleger o outro como alvo de bem-querer tem como raiz a liberdade.
O facto de uma pessoa não nos amar como nós quereríamos não significa que não esteja a amar-nos com o melhor das suas forças.

A caridade é o amor ao jeito de Deus, isto é, o amor universal e incondicional. A caridade tem como raiz a pessoa do Espírito Santo, o qual optimiza o amor humano conferindo-lhe um jeito semelhante ao amor de Deus.

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Ao atingir a complexidade humana, a evolução da vida entrou no limiar das relações amorosas.
Na raiz do mistério da vida está Deus.
Enquanto emergência natural, a vida é o impulso interno que anima a interacção entre a estrutura do ser vivo e as suas funções.

O Homem é capaz de criar uma estrutura orgânica em laboratório, mas não é capaz de activar a função interna desta mesma estrutura.

A nível da pessoa humana, a vida atinge o nível de imagem de Deus. Vista a este nível, a vida aparece-nos como talhada para o dom: quanto mais se dá mais se possui.

Ao darmos as nossas coisas materiais ficamos sem elas. Com a vida espiritual acontece o contrário: quanto mais nos damos, mais nos possuímos.

A nível espiritual a pessoa emerge e estrutura-se através de saltos qualitativos possibilitados pelas relações de amor.

O Homem faz-se, fazendo. O que realiza a pessoa não é o que ela tem, mas as suas opções de amor.

Por outras palavras, a pessoa não vale pelo que tem mas por aquilo em que se vai tornando à medida que se realiza como ser único, original e irrepetível.

O pessoa humana é um ser alicerçado na sua condição de ser único, mas talhado para a reciprocidade da comunhão amorosa.

Na verdade, a pessoa só se possui no face a face da comunhão amorosa. Reduzida a si, a pessoa não se possui encontra a sua plenitude.

Somos chamados a fazer da nossa vida uma obra-prima de humanidade através de relações de amor.

O Espírito Santo é a fonte da verdade. Pecar contra o Espírito Santo é negar o bem evidente ou atribuí-lo a uma fonte maléfica.

Quanto mais o ser humano se humaniza mais humilde se torna. A humildade é a atitude da pessoa que tenta situar-se numa linha de verdade tanto em relação a si como nas relações com os outros.

A pessoa humilde tem uma consciência muito clara deste princípio: Todos temos a possibilidade de ser válidos. Mas só Deus é imprescindível.

A Palavra de Deus transforma a nossa mente, ajudando-a a descobrir sentidos para as coisas e os acontecimentos.

Por seu lado, o Espírito Santo transforma os nossos corações optimizando a nossa capacidade de amar e fazer o bem.

Deus Pai criou-nos para sermos eus filhos. Nunca houve um momento em que Deus Pai não fosse Pai. Isto quer dizer que nunca houve um momento em que o Pai existisse e o Filho não.

Na verdade, não pode existir um Pai sem que exista um filho ao mesmo tempo. A prova de que Deus não é uma inutilidade para nós é o facto de a pessoa que procura realizar interagindo e contando com Deus tem resultados totalmente diferentes.
II- JESUS E A SALVAÇÃO UNIVERSAL

A perfeição da pessoa atinge-se através do dom. A plenitude da pessoa depende da densidade com que ela se dá aos outros.

A nível natural, a marcha da vida termina na morte. Mas com Jesus ressuscitado, a vida venceu a lei da morte.

A ressurreição de Cristo significa a vitória vida sobre a morte. Cristo ressuscitado, diz São Paulo, já não morre mais, pois a morte já não tem domínio sobre ele (Rm 6,9). Ele é o Novo Adão (Rm 5, 17-19).

Ao ressuscitar, Jesus Cristo difundiu para nós a dinâmica recriadora do Espírito Santo, o qual vai corrigindo no nosso íntimo as distorções herdadas do Velho Adão.

A cruz é o sinal vitória de Jesus Cristo sobre a morte, pois a ressurreição de Jesus aconteceu na cruz, não no túmulo.

No momento da sua ressurreição, Jesus entrou na morada de Deus com todos os que tinham coração capaz de amar e comungar.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

Deus vem sempre a nós a partir de dentro. E nós, para nos encontrarmos com Deus temos de entrar no mais íntimo do nosso ser.

No momento de morrer e ressuscitar sobre a cruz, Jesus garantiu ao Bom Ladrão que nessa mesma tarde estariam os dois na plenitude do Reino de Deus:

“Em verdade te digo, disse Jesus, que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). No momento de Jesus morrer e ressuscitar, as pessoas que o precederam na História entraram com ele na plenitude da Vida Eterna.

Isto não quer dizer que essas pessoas mudaram de lugar, mas sim que foram assumidos numa nova densidade espiritual, pois passaram a interagir em comunhão directa com Deus.

Isto foi possível porque Jesus Cristo, como homem, faz uma união orgânica, isto é, interactiva, fecunda e dinâmica, animada pelo Espírito Santo.

A salvação, portanto, é para todos os seres humanos capazes de amor e comunhão. Isto quer dizer que as pessoas que optaram pelo amor têm a Vida Eterna.

Por outras palavras, as pessoas que se optaram pelo ao amor têm a Vida Eterna. Com efeito, não há salvação fora de Jesus Cristo, mas isto não significa que a salvação é apenas para os cristãos.

Os cristãos formam um povo chamado a celebrar e anunciar a todos os povos o projecto universal da salvação.

Por se ter dado totalmente, Jesus Cristo é a cabeça da Nova Humanidade e a sua vida passou a ser de todos nós.

III-OS CRISTÃOS E A EVANGELIZAÇÃO


Evangelizar é convidar os Homens a ser irmãos. O caminho da abundância e do sucesso humano passa pela partilha e a cooperação entre as pessoas, as instituições e as nações.


A Humanidade só terá um futuro com sucesso se as pessoas e as nações aprenderem a pôr as riquezas ao serviço do bem de todos.


Do mesmo modo, é fundamental pôr o poder ao serviço da fraternidade e o prazer ao serviço do amor.


A nossa vida tem sentido na medida em que vivemos para amar e nos vamos gastando pelas causas do amor.


Ao dar o mandamento do amor aos discípulos, Jesus estava a ensinar-lhes a arte de conhecer Deus, pois ninguém o pode conhecer se não amar os irmãos (1 Jo 4, 16).


A nossa fé tem como fundamento a mensagem da bíblia, esclarecida no nosso coração pela acção do Espírito Santo.


Tocar o coração de Deus é sintonizar com a acção do Espírito Santo em nós. São Paulo diz que é em sintonia com Deus que o Espírito Santo intercede em nós e por nós (Rm 8, 26-27).


A bíblia não é a Palavra de Deus encadernada. Não é correcto agarrarmo-nos à bíblia como se as suas palavras fossem uma verdade mágica.


A bíblia é um conjunto de narrações que nos descrevem as experiências primordiais da nossa fé e, portanto, são mediação para acontecer em nós a verdade da revelação de Deus.


A bíblia não analisa factos à maneira de um historiador, mas conta histórias para dizer a verdade e a força salvadora de Deus a actuar na História.


Evangelizar é comunicar a alegria da fé e criar condições para que esta seja saboreada e celebrada de modo comunitário.


Evangelizar é ajudar as pessoas a descobrir e saborear uma história de amor da qual elas também fazem parte.


A qualidade da nossa evangelização depende da compreensão que temos de Deus e do Homem e da nossa abertura à acção do Espírito Santo em nós.


Por outras palavras, quanto melhor conhecermos a Deus mais qualidade terá a nossa evangelização.


Quanto mais as pessoas crescem na fé, mais capacitadas estão para descobrir as impressões digitais de Deus no entretecido da criação e na cadeia dos acontecimentos da História.


Uma mente que não evolua na capacidade de criar sentidos para a Vida e de interpretar os acontecimentos à luz da Palavra de Deus não será capaz de crescer na fé.


A evangelização deve conduzir a Cristo, pois ele é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem.


A Encarnação é uma dinâmica de grandeza humano-divina que constitui uma união orgânica entre Deus e o Homem.


A partir do momento da Encarnação o Humano e o divino ficam unidos de modo orgânico e intrínseco como a cepa da videira com os seus ramos (Jo 15, 1-7).


A seiva que alimenta e revigora esta união orgânica é o Espírito Santo. É esta a verdade que afirmamos quando dizemos que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo.


É este o conteúdo da Nova Aliança, o qual não assenta na letra que mata, diz São Paulo, mas no Espírito Santo que vivifica (2 Cor 3, 6).


Isto significa que o Espírito Santo é o sangue da Nova Aliança, o qual leva a vida divina a todas as articulações e junturas que ligam a Humanidade.


Evangelizar é ajudar o Homem a amar a natureza como um dom especial de Deus. A natureza está zangada com o Homem. Isto quer dizer que Deus está magoado com o modo como o Homem se relaciona com a natureza.


É verdade que a natureza não precisa do Homem para se realizar de modo harmonioso nos seus ciclos: Primavera, Verão, Outono e Inverno.


Mas o Homem pode agir contra o plano de Deus, alterando a harmonia da natureza. A natureza não precisa do Homem para realizar o plano de Deus, mas o Homem precisa da Natureza para se realizar como de modo equilibrado e feliz.


O animal não precisa de sentidos para viver. O Homem, pelo contrário, não se pode realizar sem sentidos e opções correctas em relação ao sentido da vida e às exigências da Criação.


O Reino de Deus é a face interior da realidade. A Beleza e a bondade são os únicos reflexos de Deus que o ser humano pode contemplar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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