Razões para Gostar do Espírito Santo



a) Dialogando com o Espírito Santo
b) Espírito Santo e Nova Aliança
c) Espírito Santo e os dois Beijos de Deus
d) Espírito Santo e Plenitude Humana



a) Dialogando Com o Espírito Santo

Espírito Santo,
Tu estás sempre em nós e disponível para nós.
És tu quem vai modelando o nosso coração em conformidade com o coração de Jesus.
O coração, segundo a Bíblia, é o núcleo mais nobre da nossa interioridade espiritual.
O nosso coração é o ponto de encontro contigo, Espírito Santo,
e, através de ti, o ponto de encontro com Deus Pai e com o Filho de Deus.
Ainda antes de nós decidirmos fazer o bem já tu no-lo estás a inspirar.
No entanto, nunca nos substituis. Na verdade, tu estás connosco,
mas nunca em nosso lugar.

O nosso coração é uma realidade dinâmica,
pois está-se a moldar de modo e progressivo.
Jesus ensinou que as pessoas ao decidirem
no íntimo do seu coração fazer o bem, se tornam boas.
Do mesmo modo, as pessoas que no seu coração se decidem pelo mal, se tornam más.
Na verdade, o ser humano faz-se, fazendo.
Nós não somos iguais ao que dizemos, mas sim ao que fazemos.

Deus Santo,
Nós somos pessoas em construção.
Como ainda não estamos feitos, somos seres vulneráveis e inseguros.
O nosso coração ainda não está plenamente configurado
e por isso ainda estamos habitados pela ambiguidade:
Tão depressa optamos pelo bem como nos sentimos atraídos para o mal.

Na verdade, ainda não somos seres plenamente livres.
A liberdade é a capacidade de a pessoa comunicar com os outros mediante
relações de amor e interagir criativamente com os acontecimentos e as coisas.
Nós sabemos que o vosso plano para com a Humanidade é um plano de amor,
também sabemos que o vosso querer, a nosso respeito,
coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.
Eis a razão pela qual o nosso coração está cheio de esperança,
apesar da ambiguidade que ainda habita os nossos corações.
Eis o que disse o profeta Ezequiel:
“Dar-lhes-ei um coração íntegro e colocarei no íntimo deles um espírito novo.
Tirar-lhes-ei do peito o coração de pedra no qual não habita o amor
e dar-lhes-ei um coração cheio de amor” (Ez 11, 19).

Espírito Santo,
Torna-nos fortes e cura as feridas que o nosso pecado abriu no nosso íntimo.
Ajuda-nos, a fim de moldarmos um coração cada vez mais semelhante
ao coração de Jesus.
Ajuda-nos a ser homens novos, a fim de vencermos
os aspectos que nos separam de Deus e dos irmãos.

Senhor Jesus,
Tu ensinaste uma verdade importante quando disseste aos discípulos
que onde está o tesoiro de uma pessoa, aí está também o seu coração (Mt 6, 21).
Um dia tu disseste aos discípulos que as coisas que saem da nossa boca
têm origem no nosso coração e tornam o ser humano uma pessoa pura ou impura.
Através deste teu ensinamento nós ficámos a saber que a impureza
não vem de fora para dentro, mas brota no mais íntimo do nosso coração:
“É do coração que brotam os crimes, os adultérios,
a imoralidade, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15, 19).

Espírito Santo
Ajuda-nos a modelar o nosso coração como ajudaste Jesus a modelar o seu.
Com efeito, o coração de Jesus estava moldado plenamente
em harmonia com a vontade de Deus.
Por isso ele podia dizer aos seus discípulos para o imitarem. Eis as suas palavras:
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração
e encontrareis descanso para as vossas vidas” (Mt 11, 29).

Trindade Santa,
Vós sois uma Família de três pessoas.
Nós vos louvamos por nos terdes dado provas claras
de não serdes um grupo fechado e indiferente ao diferente.
Pelo contrário, destes provas de terdes um coração totalmente aberto
aos seres humanos, acolhendo-os na vossa própria Família.


b) Espírito Santo e Nova Aliança

A Nova e Eterna Aliança é a concretização de um sonho que Deus teve ainda antes de ter criado o Homem. São Paulo diz que a Nova e Eterna Aliança já estava presente no coração de Deus no momento em que ele decidiu criar o Universo: “Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor. Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua vontade” (Ef 1, 4-5).

Este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer na plenitude dos tempos: “Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, o qual não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas pelo Espírito Santo” (Ef 3, 4-5).

A Antiga Aliança foi um passo fundamental para Deus conduzir a Humanidade até Jesus Cristo. Mas o seu plano tinha como meta e cúpula da Criação a Nova e Eterna Aliança. A Antiga Aliança era o sinal da acção pedagógica do Espírito Santo que foi preparando a Humanidade para a plenitude dos tempos, introduzindo a Humanidade no único Reino de Deus, diz a Carta aos Efésios:

“Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação que os dividia: a Lei Mosaica com suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos. Portanto, os pagãos já não são estrangeiros nem imigrantes, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

O Novo Testamento repete várias vezes que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança: “Antes de chegar a plenitude da Fé estávamos prisioneiros da Lei Mosaica. Por isso era preciso que a Fé se revelasse. A Lei tornou-se o nosso pedagogo até Cristo, a fim de sermos justificados pela Fé. Agora já sois filhos de Deus, por isso não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego. Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Ga 3, 23-29).

A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para a obtenção da salvação. A Nova Aliança tem como alicerce o dom do Espírito Santo, o qual realiza em nós a obra da salvação, diz São Paulo na Carta aos Gálatas: “Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

Viver a dinâmica da Nova aliança significa deixar-se conduzir pelo Espírito Santo: “Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há lei” (Ga 5, 22).

A Antiga Aliança foi superada pela Nova e Eterna Aliança, tal como as metas que estão em função de um objectivo são superadas quando o objectivo é atingido. De facto, a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés. Pelo contrário, a Nova e Eterna Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga Aliança.

Com efeito, a libertação e a divinização do Homem, realizada pela Encarnação, não está numa simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto. Entre estes dois acontecimentos existe, na verdade, uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4). O Reino que havemos de herdar com Cristo foi preparado para nós, diz o Evangelho de Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34). O plano salvador que Deus sonhou para nós, diz a Segunda Carta a Timóteo, foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).

Mas este plano não foi conhecido dos antigos reis e profetas. Apenas foi revelado aos crentes, com o acontecimento de Cristo, diz o evangelho de São Lucas: “Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. De facto, digo-vos eu, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

No livro do profeta Ezequiel Deus promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga: “Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…). Estabelecerei contigo a minha Aliança e então saberás que eu sou o Senhor, a fim de que te lembres de mim” (Ez 16. 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pelo dom do Espírito Santo: “Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor. Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terá do Egipto, aliança que eles não cumpriram, embora eu fosse o seu Deus, oráculo do Senhor.

Esta será a aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor: Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, não é escrita em tábuas de pedra, como a Antiga, mas será escrita no coração das pessoas. São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo, pois pertencem à Nova Aliança: “A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo. Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…). Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

Segundo o plano da Nova e Eterna Aliança, nós recebemos, através da ressurreição de Cristo, o dom definitivo da Salvação: o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus (Rm 8, 14-17). Deste modo, diz São Paulo, Cristo torna-se o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29). Estamos a caminhar para a plenitude da Nova Aliança que é a Comunhão definitiva da Humanidade com a Divindade no Reino de Deus.


c) Espírito Santo e os Dois Beijos de Deus

Ao criar o Homem, Deus infunde no barro o hálito da vida através do beijo primordial, dando origem ao processo histórico da humanização. Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus dá ao Homem o beijo da Encarnação, dando origem à divinização da Humanidade. O primeiro beijo é a concretização da intervenção especial de Deus na criação do Homem. O segundo beijo, a Encarnação, inicia a dinâmica da divinização do Homem.

O primeiro beijo foi-nos dado por Deus Pai, a fim de iniciar a marcha histórica da criação do Homem. O segundo beijo foi-nos dado por Deus Filho, a fim de nos incorporar na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus.

Em qualquer destes beijos o Espírito Santo é-nos comunicado como princípio animador de relações e vínculo maternal de comunhão orgânica. Mas a comunicação do Espírito através do mistério da Encarnação representa um salto de qualidade em relação à comunicação do beijo criador. No primeiro beijo o Espírito Santo é-nos comunicado como dinâmica pedagógica em função da humanização do Homem. No segundo, como dinamismo intrínseco à maneira da seiva que vem da cepa da videira e circula para os ramos (Jo 15, 1-8).

A comunicação divinizante do Espírito Santo, diz o evangelho de São João, é como uma Água viva que Cristo nos dá e faz jorrar um manancial de vida eterna no nosso íntimo (Jo 7, 37-39). São Paulo, referindo-se à presença do Espírito Santo no nosso íntimo, diz que ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Como vemos, somos habitados pelo amor de Deus desde o primeiro momento da nossa existência. Podemos dizer a mesma coisa em relação ao amor das pessoas que nos amaram ao longo da vida. Na verdade, a pessoa é habitada por aqueles que a marcaram ao longo da vida. Isto é verdade tanto em relação ao bem com ao mal. Todos nós sentimos bem como somos habitados pelas pessoas que nos marcaram, tanto positiva como negativamente. Com efeito, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão com os outros.

A Carta aos efésios diz que estamos talhados para formarmos uma família com Deus mediante Jesus Cristo: “Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o plano que, amorosamente, elaborou para nós (…). Deste modo nos manifestou o mistério da sua vontade e o plano amoroso que tinha estabelecido, a fim de conduzir os tempos à sua plenitude: submeter todas as coisas a Cristo, tanto as do céu côa as de terra. Foi também em Cristo que fomos escolhidos como sua herança, predestinados de acordo com o desígnio que, livremente decidiu para nós” (Ef 1, 5-11).

A Humanidade forma uma união orgânica constituída por todos os seres humanos. Como Jesus é um homem em tudo igual a nós, excepto no pecado, todos nós estamos incorporados na Comunhão divina em Cristo (Jo 17, 21-23). A plenitude da Humanidade, portanto, está na comunhão com a Divindade, e Jesus é a condição de possibilidade desta plenitude. O Espírito Santo, por seu lado é o vínculo maternal de comum hão orgânica e o princípio dinamizador das relações de amor.


d) Espírito Santo e Plenitude Humana

São Paulo diz que é pelo Espírito Santo que recebemos a filiação divina (Rm 8, 14; cf. Ga 4, 4-6). A experiência humana diz-nos que no período da génese o ser humano entra na família pela mediação da mãe. O mesmo acontece em relação à entrada na família divina, pois o Espírito Santo é o amor maternal de Deus. Os cristãos sabem que a família humana é sacramento, isto é, explicitação e visibilidade da família divina.

Eis a razão pela qual os seres humanos são incorporados na família divina pelo Espírito Santo. A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5). É pela mãe que o pai humano acolhe o novo ser como filho e os demais filhos do casal o acolhem como irmão.

O Espírito Santo como pessoa é vínculo de união orgânica e princípio animador de relações de amor. Na verdade, é pelo Espírito que temos acesso ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Pai que nos acolhe como irmãos. É por esta mesma razão que a Encarnação do Filho de Deus acontece pelo Espírito Santo.

Naturalmente que estas afirmações não têm qualquer conotação sexual. As pessoas divinas não são seres sexuados. Por outras palavras, em Deus não há seres machos e seres fêmeas. Entender assim as coisas seria uma maneira grosseira de entender a realidade de Deus. Falar do amor maternal do Espírito Santo ou do amor paternal de Deus Pai são afirmações que se referem apenas ao jeito de amar de cada uma dessas pessoas divinas.

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo introduz-nos na comunhão com Deus Pai que nos acolhe como filhos. Do mesmo modo, conduz-nos a Deus Filho que nos acolhe amorosamente como irmãos. Deste modo, o Filho unigénito de Deus, acolhendo-nos como irmãos, torna-se o filho primogénito, isto é, o primeiro entre muitos irmãos (Rm 8, 29).

Sabemos que as perfeições da criação existem em grau de perfeição infinita no Criador. O amor maternal é uma perfeição humana. Isto quer dizer que esta perfeição existe em grau de perfeição infinita no criador. Esta perfeição concretiza-se, pois, no Espírito Santo, que é a ternura maternal de Deus.

É nesta perspectiva que devemos entender o ser gerados e nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6). É também ele que nos dá o poder de nos tornarmos filhos de Deus pelo mistério da Encarnação (Jo 1, 12-14). Na verdade, somos incorporados na comunhão da Santíssima Trindade de forma familiar e não outra.

Por outras palavras, a salvação é um dom que nos é comunicado em dinâmica comunhão familiar. Este dom é-nos comunicado pela ternura maternal pelo Espírito Santo, semente da vida divina a germinar no nosso íntimo (1 Jo 3, 9). Ele é como que uma fonte de Água Viva a jorrar vida divina no nosso íntimo, diz Jesus no evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Nos primórdios da criação da Humanidade, Deus Pai comunica-nos a vida pelo Espírito Santo, pois ele é o hálito que Deus comunica ao barro aquando da intervenção especial de Deus na criação do Homem. Por outras palavras, o Espírito Santo é o hálito da vida que Deus insufla no barro primordial no momento em que deu o primeiro beijo ao Homem (Gn 2, 7).

O segundo beijo aconteceu na plenitude dos tempos, quando o Filho de Deus, através da encarnação, comunica ao Homem o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, afim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da lei e, deste modo, recebermos a adopção de filhos. E, porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abba, Pai” (Ga 4, 4-6).

Pelo primeiro beijo, o Homem torna-se um ser com vida espiritual em processo (Gn 2, 7). Na plenitude dos tempos, Deus comunica-nos o Espírito Santo como princípio divinizante, mediante o beijo da Encarnação. Temos assim dois modos complementares de o Espírito nos ser comunicado: intervenção especial de Deus na criação do homem e incorporação do Homem na Família Divina.

A vida divina é obra do Espírito Santo e não obra da carne ou do sangue (Jo 1, 12-14). Utilizando uma expressão feliz de São Paulo, nós diríamos que a dinâmica da salvação é fruto da graça de Cristo, do amor de Deus Pai e da comunhão no Espírito Santo (2 Cor 13, 13).

É através de Cristo, diz a carta aos Efésios, que temos acesso ao Pai no único Espírito Santo (Ef 2, 18). De facto, “Deus amou de tal modo o mundo que lhe enviou o seu único Filho, a fim de que tenham vida eterna” (Jo 5, 25). Na verdade, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo (Lc 9, 56). A Carta a Tito diz que “Deus nos salvou, não pelas nossas obras, mas pela regeneração operada em nós pelo Espírito Santo que Deus Pai nos concedeu por Jesus Cristo nosso Salvador” (Tit 3, 5-6).

É através da nossa união orgânica com Cristo que somos incorporados na família de Deus. A nossa união com Cristo é alimentada pelo Espírito Santo. Por isso, diz São Paulo, “ Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence” (Rm 8, 9). O Espírito Santo, no nosso íntimo, é a garantia da nossa salvação”, diz a Carta aos Efésios (Ef 1, 13-14).

Segundo o evangelho de São João, a nossa união a Cristo é semelhante à união dos ramos com a cepa da videira. Só podemos dar frutos na medida em que estivermos unidos a Cristo (Jo 15, 7-8). E Jesus acrescenta: “Sem mim nada podeis fazer ” (Jo 15, 4-5).

A dinâmica do Espírito Santo em nós é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5). É esta a graça de Cristo, diz a Carta a Tito, que apareceu na plenitude dos tempos para salvação de toda a Humanidade (Tit 2, 11). É o amor maternal do Espírito Santo que nos gera de novo, operando em nós o nascimento do alto que nos dá a possibilidade de tomarmos parte no Reino de Deus (Jo 3, 3-6).

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