I-DOIS TESTAMENTOS INTERACTIVOS
O Antigo e o Novo Testamento formam uma unidade interactiva, pois nenhum deles encontra sentido pleno desvinculado do outro.
Por outras palavras, o Antigo e o Novo Testamento são de tal modo interdependentes que, se isolarmos um do outro, os dois ficam realidades incompletas.
Isto quer dizer que só podemos entender um testamento na medida em que o inter-relacionemos com o outro.
Na verdade, o Antigo Testamento conduz para o Novo e este encontra as suas raízes históricas no Antigo.
O ponto de encontro dos dois testamentos é Jesus Cristo, pois é nele que se realizam as grandes aspirações do antigo Testamento e é a partir dele que emerge a Boa Nova do Novo Testamento.
Por outras palavras, as grandes aspirações do Antigo Testamento realizam-se em Jesus Cristo, do mesmo modo que o alicerce do Novo Testamento é Jesus Cristo.
E assim podemos ver como o Novo Testamento dá testemunho da ressurreição de Jesus Cristo e do dom do Espírito Santo, o qual faz de nós membros da Família de Deus (cf. Rm 8, 14-16; Gal 4, 4-7).
Mas ao mesmo tempo verificamos que os dons messiânicos realizados em Cristo, já tinham sido profetizados pelo Antigo Testamento (cf. Jer 31, 31-33; Ez 36, 26-27).
No Novo Testamento, Jesus declara-se o Messias ungido pelo Espírito Santo para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos, dar vista aos cegos e fazer os coxos caminhar (Lc 4, 18-21).
Mas esta proclamação é feita através da leitura de um texto do Antigo Testamento. Isto quer dizer que Jesus apresenta o seu projecto de vida com um texto do profeta Isaías (Is 61, 1-3).
Num dos relatos do seu evangelho, São Mateus diz Jesus estava rodeado de enfermos, curando-os a todos e libertando as pessoas dos espíritos malignos, a fim de anunciar o que fora anunciado pelo profeta Isaías (Mt 8, 16-17).
Após a sua ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus diz aos discípulos de Emaús que era necessário realizar tudo o que estava escrito acerca dele na Lei de Moisés, nos salmos e nos profetas (Lc 24, 44).
Podemos dizer que os autores do Novo Testamento, ao elaborar os seus relatos têm sempre presente os conteúdos do Antigo Testamento.
Deste modo, nos relatos de milagres operados por Jesus, podemos distinguir sempre três aspectos:
1-Intenção teológica. Ao elaborar um relato sobre um milagre de Jesus, o evangelista tem sempre presente um outro relato parecido do Antigo Testamento.
Com este procedimento o autor que dizer que o plano salvador de Deus iniciado com os grandes personagens do Antigo Testamento atinge agora a sua plenitude.
2-Intenção catequética. Este aspecto consiste em elaborar o relato de modo e comunicar ao leitor certos aspectos importantes da doutrina fé.
3-Experiência pascal. Todos os relatos de milagres atribuídos pelo Novo Testamento ao Jesus histórico têm já presente a experiência das aparições do Senhor ressuscitado.
Podemos dizer que muitos dos relatos do Novo Testamento se tornam muito mais claros e significativos quando postos em confronto com o Antigo Testamento.
Os escritores do Novo Testamento partem do princípio de que o Antigo Testamento confirma e corrobora a sua pregação sobre Jesus Cristo ressuscitado (Act 2, 29-33).
Por outras palavras, o Antigo Testamento é básico para compreendermos a unidade histórica do projecto criador e salvador de Deus.
É evidente que o Antigo testamento se apresenta como um conjunto de relatos e profecias que apontam para uma realização e uma plenitude que irá acontecer.
O grande protagonista deste plano salvador é Deus que, pelo seu Espírito, vai actuando pelos profetas e, mais tarde, pelo Messias.
Na verdade, o Antigo Testamento olha em direcção a um futuro que vai conferir plenitude ao passado do Homem e do povo de Deus.
Esta dinâmica histórica é protagonizada pelo Espírito Santo, o qual faz história connosco, embora sem nos substituir:
“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não sois capazes de as compreender por agora.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).
O Livro dos Actos dos Apóstolos associa a experiência da força transformadora do Espírito Santo com a plenitude dos tempos anunciada pelo profeta Joel:
“Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura.
Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos (Act 2, 16-17).
Não foi por acaso que os escritores do Novo Testamento sentiram a necessidade de relatar os acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo com citações do Antigo Testamento.
A bíblia é cristocêntrica, tem Cristo no centro. O Antigo Testamento suspira por Cristo. O Novo Testamento parte de Cristo, sentido máximo da História e meta para a qual a Humanidade caminha.
Isto que dizer que os dois testamentos são, na verdade, uma única bíblia. Por outras palavras, não é possível fazermos uma leitura aprofundada da bíblia sem pormos em confronto os dois testamentos.
É assim que se revela o dinamismo subjacente à leitura interactiva dos textos sagrados. Esta leitura interactiva é uma mediação privilegiada para descobrirmos a profundidade teológica dos textos, bem como o dinamismo histórico da acção reveladora de Deus.
Podemos dizer que o Antigo Testamento confere base histórica ao Novo e o Novo confere carácter de veracidade aos oráculos e profecias do Antigo.
De facto, sem o Antigo Testamento, o próprio cristianismo carecia de fundamento histórico, pois Jesus Cristo não emergiu a partir de um vazio histórico.
Pelo contrário, o acontecimento de Jesus Cristo surgiu como plenitude da longa história da salvação que Deus foi revelando através do povo bíblico.
Isto quer dizer que a compreensão do Antigo Testamento é fundamental para entendermos com clareza a mensagem e a dinâmica da Salvação testemunhada pelo Novo.
Além disso, a leitura do Antigo Testamento fortalece a nossa esperança, dando-nos a certeza de que o Deus fiel às promessas da Antiga Aliança realizará do mesmo modo o projecto salvador da Nova Aliança.
Por outras palavras, assim como as profecias messiânicas conduziram o povo bíblico até Jesus Cristo, do mesmo modo o acontecimento salvador de Jesus ressuscitado nos conduzirá à plenitude do Reino de Deus.
Graças a esta unidade e interacção, o Antigo Testamento surge para os cristãos como Palavra de Deus tal como o Novo testamento.
O Antigo Testamento aponta para Cristo no qual encontra a sua realização e confirmação.
O Antigo e o Novo Testamento formam uma unidade interactiva, pois nenhum deles encontra sentido pleno desvinculado do outro.
Por outras palavras, o Antigo e o Novo Testamento são de tal modo interdependentes que, se isolarmos um do outro, os dois ficam realidades incompletas.
Isto quer dizer que só podemos entender um testamento na medida em que o inter-relacionemos com o outro.
Na verdade, o Antigo Testamento conduz para o Novo e este encontra as suas raízes históricas no Antigo.
O ponto de encontro dos dois testamentos é Jesus Cristo, pois é nele que se realizam as grandes aspirações do antigo Testamento e é a partir dele que emerge a Boa Nova do Novo Testamento.
Por outras palavras, as grandes aspirações do Antigo Testamento realizam-se em Jesus Cristo, do mesmo modo que o alicerce do Novo Testamento é Jesus Cristo.
E assim podemos ver como o Novo Testamento dá testemunho da ressurreição de Jesus Cristo e do dom do Espírito Santo, o qual faz de nós membros da Família de Deus (cf. Rm 8, 14-16; Gal 4, 4-7).
Mas ao mesmo tempo verificamos que os dons messiânicos realizados em Cristo, já tinham sido profetizados pelo Antigo Testamento (cf. Jer 31, 31-33; Ez 36, 26-27).
No Novo Testamento, Jesus declara-se o Messias ungido pelo Espírito Santo para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos, dar vista aos cegos e fazer os coxos caminhar (Lc 4, 18-21).
Mas esta proclamação é feita através da leitura de um texto do Antigo Testamento. Isto quer dizer que Jesus apresenta o seu projecto de vida com um texto do profeta Isaías (Is 61, 1-3).
Num dos relatos do seu evangelho, São Mateus diz Jesus estava rodeado de enfermos, curando-os a todos e libertando as pessoas dos espíritos malignos, a fim de anunciar o que fora anunciado pelo profeta Isaías (Mt 8, 16-17).
Após a sua ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus diz aos discípulos de Emaús que era necessário realizar tudo o que estava escrito acerca dele na Lei de Moisés, nos salmos e nos profetas (Lc 24, 44).
Podemos dizer que os autores do Novo Testamento, ao elaborar os seus relatos têm sempre presente os conteúdos do Antigo Testamento.
Deste modo, nos relatos de milagres operados por Jesus, podemos distinguir sempre três aspectos:
1-Intenção teológica. Ao elaborar um relato sobre um milagre de Jesus, o evangelista tem sempre presente um outro relato parecido do Antigo Testamento.
Com este procedimento o autor que dizer que o plano salvador de Deus iniciado com os grandes personagens do Antigo Testamento atinge agora a sua plenitude.
2-Intenção catequética. Este aspecto consiste em elaborar o relato de modo e comunicar ao leitor certos aspectos importantes da doutrina fé.
3-Experiência pascal. Todos os relatos de milagres atribuídos pelo Novo Testamento ao Jesus histórico têm já presente a experiência das aparições do Senhor ressuscitado.
Podemos dizer que muitos dos relatos do Novo Testamento se tornam muito mais claros e significativos quando postos em confronto com o Antigo Testamento.
Os escritores do Novo Testamento partem do princípio de que o Antigo Testamento confirma e corrobora a sua pregação sobre Jesus Cristo ressuscitado (Act 2, 29-33).
Por outras palavras, o Antigo Testamento é básico para compreendermos a unidade histórica do projecto criador e salvador de Deus.
É evidente que o Antigo testamento se apresenta como um conjunto de relatos e profecias que apontam para uma realização e uma plenitude que irá acontecer.
O grande protagonista deste plano salvador é Deus que, pelo seu Espírito, vai actuando pelos profetas e, mais tarde, pelo Messias.
Na verdade, o Antigo Testamento olha em direcção a um futuro que vai conferir plenitude ao passado do Homem e do povo de Deus.
Esta dinâmica histórica é protagonizada pelo Espírito Santo, o qual faz história connosco, embora sem nos substituir:
“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não sois capazes de as compreender por agora.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a verdade completa” (Jo 16, 12-13).
O Livro dos Actos dos Apóstolos associa a experiência da força transformadora do Espírito Santo com a plenitude dos tempos anunciada pelo profeta Joel:
“Mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura.
Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos (Act 2, 16-17).
Não foi por acaso que os escritores do Novo Testamento sentiram a necessidade de relatar os acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo com citações do Antigo Testamento.
A bíblia é cristocêntrica, tem Cristo no centro. O Antigo Testamento suspira por Cristo. O Novo Testamento parte de Cristo, sentido máximo da História e meta para a qual a Humanidade caminha.
Isto que dizer que os dois testamentos são, na verdade, uma única bíblia. Por outras palavras, não é possível fazermos uma leitura aprofundada da bíblia sem pormos em confronto os dois testamentos.
É assim que se revela o dinamismo subjacente à leitura interactiva dos textos sagrados. Esta leitura interactiva é uma mediação privilegiada para descobrirmos a profundidade teológica dos textos, bem como o dinamismo histórico da acção reveladora de Deus.
Podemos dizer que o Antigo Testamento confere base histórica ao Novo e o Novo confere carácter de veracidade aos oráculos e profecias do Antigo.
De facto, sem o Antigo Testamento, o próprio cristianismo carecia de fundamento histórico, pois Jesus Cristo não emergiu a partir de um vazio histórico.
Pelo contrário, o acontecimento de Jesus Cristo surgiu como plenitude da longa história da salvação que Deus foi revelando através do povo bíblico.
Isto quer dizer que a compreensão do Antigo Testamento é fundamental para entendermos com clareza a mensagem e a dinâmica da Salvação testemunhada pelo Novo.
Além disso, a leitura do Antigo Testamento fortalece a nossa esperança, dando-nos a certeza de que o Deus fiel às promessas da Antiga Aliança realizará do mesmo modo o projecto salvador da Nova Aliança.
Por outras palavras, assim como as profecias messiânicas conduziram o povo bíblico até Jesus Cristo, do mesmo modo o acontecimento salvador de Jesus ressuscitado nos conduzirá à plenitude do Reino de Deus.
Graças a esta unidade e interacção, o Antigo Testamento surge para os cristãos como Palavra de Deus tal como o Novo testamento.
O Antigo Testamento aponta para Cristo no qual encontra a sua realização e confirmação.
II- OS DOIS TESTAMENTOS E A FIDELIDADE DE DEUS
A Revelação não é um mero discurso teórico de Deus. Implica uma presença especial do Espírito Santo no interior do povo de Deus.
A Revelação não é um mero discurso teórico de Deus. Implica uma presença especial do Espírito Santo no interior do povo de Deus.
O Antigo Testamento é um conjunto de relatos que testemunham as experiências primordiais da revelação e da acção de Deus na história do seu povo.
Por outro lado, estes relatos são também uma mediação para o Espírito Santo fazer acontecer revelação no nosso coração.
A revelação, portanto, é uma experiência e uma vivência a qual não é apenas o conhecimento do projecto de Deus, como também uma capacitação para amar ao jeito de Deus.
Uma vez que o Antigo Testamento é também revelação para os cristãos, existe uma relação teológica entre o povo bíblico e o Novo Povo de Deus.
Podemos dizer que o Antigo Testamento contém uma história que se move continuamente da promessa para a sua realização.
Ao mesmo tempo ajuda-nos a compreender Jesus Cristo como o enviado de Deus que fora antecipadamente anunciado.
Na verdade, Jesus confirma o Antigo Testamento, pois é o sinal da fidelidade de Deus que realizou as antigas promessas.
Se Jesus confirma o testemunho profético do Antigo Testamento, então temos de reconhecer que este é revelação para os cristãos.
Por seu lado, o Novo Testamento confirma e confere plenitude à revelação do projecto de Deus tal como ele se manifestou nas maravilhas relatadas pelo Antigo Testamento.
Mas não podemos ignorar o carácter de plenitude que o Novo Testamento confere ao Novo.
Do ponto de vista do Novo Testamento, Jesus Cristo é o centro da História da Salvação e o início de uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-19).
Em Jesus Cristo a salvação adquire uma dimensão universal. A salvação encontra-se em Jesus Cristo, pois foi ele que deu início à plenitude dos tempos como diz a Carta aos Gálatas (Gal 4, 4).
O Antigo Testamento apresenta-se como processo histórico a caminhar para uma meta. O Novo Testamento, por seu lado, proclama que a meta pela qual o Antigo Testamento suspirava é Jesus Cristo.
Jesus Cristo cumpriu plenamente a Lei e os profetas dizem o evangelho de São Lucas (Lc 24, 25-27).
O Antigo Testamento é citado como um conjunto de promessas e profecias agora plenamente realizadas em Cristo.
Este modo de proceder significa que o Novo Testamento precisa do Antigo para testemunhar de modo pleno e perfeito o acontecimento de Cristo.
Os primeiros cristãos usavam o Antigo Testamento porque acreditavam que Jesus é o Cristo anunciado pela Lei, os profetas e os salmos.
Nesta interacção do Antigo com o Novo Testamento, a História da Salvação aparece-nos como uma cadeia de relatos e acontecimentos ligados pela profecia e a sua realização.
Uma vez que o cume da História da Salvação é Cristo, é normal que o sentido mais profundo do Antigo Testamento como História da Salvação só possa ser entendido pleno e perfeito pelos aceitam o Novo Testamento.
Isto quer dizer que as palavras e acontecimentos do Antigo Testamento só pode ser totalmente claros quando vistos na perspectiva do Novo.
Vistos nesta perspectiva interactiva, torna-se claro que tanto o Novo Testamento como o Antigo pertencem um ao outro e nenhum deles está completo sem o outro.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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