O homem não nasce feito. Humanizar-se é emergir como interioridade pessoal mediante relações de amor e convergir para a comunhão universal, cujo coração é a comunhão amorosa da Santíssima Trindade. Os pensamentos negativos levam consigo uma força destrutiva. Não trazem qualquer vantagem à pessoa que os alimenta.
Os evangelhos dizem-nos que devemos evitar os pensamentos negativos., pois eles não contribuem para a solução dos nossos problemas e dificuldades: “Quem de entre vós, com as suas preocupações, pode prolongar a duração da sua vida?” (Mt.6,25-27; Lc.12,22-31). E ainda: “Tende cuidado, disse Jesus, para que as vossas vidas não fiquem pesadas devido às preocupações” (Lc.21,34).
Os pensamentos negativos geram emoções criadoras de stress que aceleram o ritmo do coração e a pressão arterial. Apesar do ritmo acelerado em que o mundo caminha, nós podemos contrariar em nós esta tendência a provocar super excitação. Acolhamos o dom das forças de Deus e teremos a paz necessária para vivermos de modo feliz: “O fruto do Espírito é a paz” (Ga.5,22; Rm.8,6).
Os estímulos fortes e o stress produzem secreções tóxicas e espalham-nas pelo corpo, provocando um cansaço emocional que bloqueia as capacidades da pessoa. Além de se sentir sempre cansada, a pessoa sente-se frustrada por não poder produzir. Os pensamentos positivos como fé, confiança, segurança, vontade de perdoar e desejo de servir os outros são um remédio milagroso para curar esta enfermidade.
Cristo deixou-nos a Paz interior como o grande dom do Espírito Santo: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou” (Jo.14,27). São Paulo, depois de ter experimentado a riqueza do dom da paz, diz aos colossenses: “Reine em vossos corações a paz de Cristo à qual fostes chamados, formando um só corpo” (Col.3,15). Estas afirmações não são produto de uma teoria qualquer. São revelação de Deus. O Espírito Santo, no nosso íntimo, é o manancial da paz que faz jorrar em nós alegria e felicidade.
Deus oferece-nos a paz como remédio para edificarmos a nossa felicidade, diz o evangelho de Lucas: “O Senhor guia os nossos passos no caminho da paz” (Lc.1,79). A paz e a felicidade não são produto do mundo ruidoso. Emergem no interior da pessoa na medida em que a pessoa sintoniza com a presença de Deus no seu interior. Segundo o ensinamento de Jesus, as coisas mais importantes acontecem no nosso interior. Por isso ele aconselha os discípulos a buscarem o silêncio: “Retiremo-nos para um lugar deserto e fiquemos ali por algum tempo” (Mc.6,31).
Quinze ou vinte minutos de meditação diária são fundamentais para realizarmos a “higiene” da mente e do coração. Este exercício vai-nos introduzindo gradual e progressivamente na comunhão com Deus. Nesses momentos, o nosso coração dilata-se ao ponto de nos sentirmos em comunhão com todos os seres humanos, como diz São Paulo: “Tudo vos pertence (…) a vida, a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” (1Cor.3,21-23).
Quando sentirmos o nervosismo a progredir ponhamos um travão dizendo-nos: “Para quê toda esta agitação? Não pretendo dominar o mundo! Se me deixo vencer por este frenesim destruo-me e não conseguirei ajudar os outros. Tenho de me livrar desta sobrecarga nervosa. A pressa excessiva e o activismo não trazem vantagens para ninguém. O remédio para curar esta doença está em grande parte ao meu alcance.
Sei que Deus está em mim e por mim. A alegria que brota da paz interior está ao meu alcance. Com efeito, se esvaziar a mente e o coração o dinamismo libertador de Deus invade-me e enche-me da sabedoria necessária para acolher o dom da paz: “Felizes os servos que o Senhor, ao chegar, encontrar vigilantes” (Lc.12,37). A presença libertadora de Deus é uma realidade que podemos experimentar. Não se trata apenas de ideias teóricas. Se treinarmos a mente e o coração para acolher a Palavra e o Espírito Santo, muito em breve sentiremos uma mudança na qualidade da nossa vida pessoal e relacional.
Esta experiência significa o Reino de Deus a acontecer dentro de nós como diz a Carta aos Romanos: “O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm.14,17). Quando Paulo escreveu estas palavras não estava a pensar numa realidade distante e fora do mundo. Pelo contrário, estava a falar de algo que se experimenta, como diz o evangelho de Lucas: “A vinda do Reino de Deus não é observável no nosso exterior. Não se poderá dizer: ei-lo aqui! ou ei-lo acolá, pois o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc.17,20-21). É importante tomarmos estas afirmações bíblicas a sério.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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