a) A Originalidade da Esperança Cristã
b) A Esperança Como Antecipação do Reino
c) A Esperança Como Negação do Fatalismo
d) Palavras de um profeta da Esperança
e) Esperança Cristã e Plenitude da Vida
f) Um Hino de Esperança Cristã
a) A Originalidade da Esperança Cristã
A Esperança é um apelo interior que nos dá razões para caminharmos confiantes em direcção a um futuro promissor e feliz. O sentido que alimenta e dá solidez à nossa Esperança brota da Palavra de Deus.
Graças à Esperança, os cristãos têm a certeza de que a Humanidade não é um processo sem sentido. A Fé tem como suporte a Ressurreição de Cristo. A Esperança, partindo do suporte da Fé, antecipa a plenitude do futuro. Jesus Ressuscitado é a garantia de que a Humanidade já tem ao seu alcance o penhor de um sucesso pleno.
Os horizontes da Esperança Cristã coincidem rigorosamente com o querer de Deus a nosso respeito. Em Jesus de Nazaré, Deus inaugurou a plenitude do seu plano em favor da Humanidade. O evangelho de São João diz que todos recebemos da plenitude de Cristo: “Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1, 16). Em Jesus Cristo , diz a Carta aos Efésios, Deus levou o tempo à sua plenitude: “O Pai deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme a decisão prévia que lhe aprouve tomar, a fim de levar o tempo à sua plenitude” (Ef 1, 9-10).
A Plenitude dos Tempos significa a fase dos acabamentos. A Esperança Cristã assegura-nos que estamos já na fase do sucesso garantido. A plenitude da vida é um dom que nos é oferecido amorosamente por Deus. Podemos aceitá-lo ou não, pois o amor não se impõe. A Carta aos Gálatas diz que ao chegar a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, a fim de ser inaugurado o tempo da graça, o qual implica a anulação de leis, normas ou preceitos que oprimam as pessoas (Ga 4, 4-7).
A Esperança Cristã não é apenas um desejo vago que nasce dessa fome de felicidade que todos levamos dentro. Pelo contrário, assenta num plano concreto, o qual é conhecido por nós graças ao facto de nos ter sido revelado por Deus. Este projecto é fruto de um querer explícito de Deus. Foi isto que levou Jesus Cristo a tomar as atitudes que tomou, a fim de nos revelar o querer de Deus.
Foi por este querer de Deus que fomos inseridos na Plenitude dos Tempos, como diz São Paulo: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo. Tudo isto vem de Deus que, em Jesus Cristo , nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17.19).
Certa da fidelidade de Deus, a Esperança avança no sentido de atingir esta meta que nos é proposta pela Revelação de Deus. Pela Esperança, o cristão sabe que este projecto amorosamente sonhado por Deus acontecerá. Eis a razão pela qual ele tenta comprometer-se com os apelos e propostas de Deus.
Com efeito, o plano de Deus implica também o compromisso do Homem. A divinização do Homem é um dom gratuito, mas Deus só pode divinizar o ser humano na medida em que este se humaniza. Como sabemos, a humanização do homem é uma tarefa que cada pessoa tem de realizar. Ninguém nos pode substituir nesta missão. Por outras palavras, Deus diviniza o que o homem humaniza.
Estamos na plenitude dos tempos, isto é, na fase da divinização da Humanidade. A plenitude dos tempos, portanto, significa um salto de qualidade que aconteceu com Jesus Cristo e não antes dele. O evangelho de São João tem uma passagem muito esclarecedora a este respeito. Segundo esta passagem, a divinização acontece pela comunicação especial do Espírito que atinge a Humanidade de modo intrínseco e a faz dar um salto de qualidade ... (Ler o Texto Completo)
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