Johnson City,USA: Baptismo de Caleb Parks, novo membro da Igreja Pentecostal
1-O Lugar da Igreja no Mundo
A Igreja não é a Humanidade, mas sim uma parcela da Humanidade. Os cristãos têm a missão de ser no mundo um fermento que leveda e faz emergir no coração dos seres humanos os critérios e os valores do Evangelho. O fermento não é a massa. A Igreja não é a Humanidade. Mas o fermento é para fazer levedar a massa e a Igreja tem a missão de exercer um papel de fermento no mundo.
A Igreja também não é o Reino de Deus. O Reino de Deus está a emergir na História e encontra a sua plenitude na comunhão da Família de Deus. Por outras palavras, a Igreja e o Reino de Deus não são coincidentes, mas há entre estas duas realidades uma relação especial, pois a Igreja é o sacramento do Reino.
A Igreja é uma realidade histórica enquanto a plenitude do Reino acontece na eternidade. Isto quer dizer que a Igreja, devido ao seu carácter de sacramento, pertence à História. A Igreja nasceu como comunhão orgânica e dinâmica de pequenas comunidades, às quais os Apóstolos chamavam Igrejas.
Nestas comunidades a lei era a comunhão fraterna animada pelo Espírito Santo, dizem os Actos dos Apóstolos: “As Igrejas gozavam de paz (…). Cresciam e fortaleciam-se, vivendo no temor do Senhor, repletas da consolação do Espírito Santo” (Act 9, 31). O Livro dos Actos dos Apóstolos apresenta uma descrição idealizada da comunidade de Jerusalém e diz o seguinte: “Os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, dividindo o preço entre todos, segundo as necessidades de cada um” (Act 2, 44-45).
2-Originalidade e Missão da Igreja
São Paulo tinha uma consciência muito clara de que a cabeça das Igrejas é Cristo ressuscitado que actua nelas pelo Espírito Santo: “Todos fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo, judeus e gregos, escravos e pessoas livres. Todos nós bebemos de um só Espírito, pois o corpo não se compõe de um só membro, mas de muitos” (1 Cor 12, 13-14).
Devido à união orgânica que existe entre Cristo e as comunidades cristãs, São Paulo diz que as comunidades são o Corpo de Cristo. Falando assim, São Paulo queria dizer que a união entre os crentes não pode existir se não estiver fundamentada em Cristo Ressuscitado.
O Concílio do Vaticano Segundo descreve a ligação sacramental da Igreja a Cristo, dizendo que esta é o sinal de que a História Humana entrou na plenitude dos tempos, isto é, na fase dos acabamentos. Ao falar da plenitude dos tempos, o Concílio quis dizer que a Humanidade está na fase da divinização. Por outras palavras, graças à Encarnação do filho de Deus, o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser divinizada. A divinização dos seres humanos acontece pela interacção entre Deus o Homem na medida em que este é assumido e incorporado na Família de Divina (Rm 8, 14-16; Gal 4, 4-7).
A Igreja está chamada a ser o sacramento, isto é, o sinal visível desta união orgânica da Humanidade à Divindade, como diz o Concílio do Vaticano Segundo: “A luz dos povos é Cristo. Por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar a todos os homens com a luz deste mesmo Espírito. Esta luz resplandece no rosto da Igreja, a qual está chamada a anunciar o Evangelho a toda a criatura” (LG 1).
A Fé na missão de Igreja é parte integrante da Fé em Cristo Ressuscitado, o qual é a cabeça da mesma Igreja: “Deus dispôs o Corpo de modo a conceder maior honra aos membros mais frágeis, a fim de não haver divisão no corpo, mas antes providenciando para que todos os membros tenham igual solicitude uns para com os outros. Se um membro sofre todos os membros partilham o seu sofrimento. Se um membro é honrado, todos os membros partilham a sua alegria. Ora vós sois o corpo de Cristo e seus membros, cada um com a parte que lhe toca” (1 Cor 12, 24-27).
3-A Igreja como Corpo de Cristo
O Concílio do Vaticano Segundo diz que a Igreja, como sacramento universal da Salvação, explicita o insondável desígnio do amor de Deus que nos chamou a tomar parte na própria vida divina (LG 2). Esta participação é comunhão orgânica com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo (cf. 1 Jo 1,2-3; DV 1-2). O princípio que anima esta união é o Espírito Santo, a seiva que torna fecundos os ramos que estão unidos à cepa (Jo 15, 4-6).
A Igreja é o sacramento, isto é, explicitação e corporização deste projecto amoroso de Deus em favor de toda a Humanidade. Mas é também a mediação de comunicação e encontro do Senhor ressuscitado e do seu Espírito com o mundo.
Como sabemos, a pessoa humana, na sua realidade essencial é eterna, pois é uma realidade espiritual. Mas esta realidade espiritual comunica-se com os outros através do corpo. Ora, como Cristo ressuscitado já não tem um corpo físico para se encontrar visivelmente com as pessoas, este corpo é a Igreja. Eis a razão pela qual Cristo faz da Igreja o seu corpo, isto é, mediação de encontro com o mundo. Por outras palavras, a Igreja é mediação para poder acontecer o encontro entre Cristo e o mundo. O mundo conhecerá de Cristo apenas o que captar através da Igreja.
O Concílio diz que a dignidade do homem e a sua vocação fundamental consiste em ser chamado à comunhão com Deus (GS 19a). Além disso, esta comunhão é realizada historicamente, de modo singular, em Jesus Cristo (LG 2). O Filho de Deus assume a natureza humana para nos fazer participar da natureza divina, acrescenta o mesmo Concílio (AG 3).
Ao encarnar, o Filho de Deus uniu-se organicamente à Humanidade tornando possível, deste modo, a plena realização fundamental do ser humano, isto é, ser incorporado na Comunhão da Santíssima Trindade. Foi para isto que Jesus nos trouxe as primícias do Espírito Santo, como diz São Paulo na Carta aos Romanos (Rm 8,23).
De facto, continua São Paulo, o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5). Só com a força do Espírito Santo nós somos capazes de cumprir a lei nova do amor (cf. Rm 8,1-11). Aquilo que Jesus Cristo fez de uma vez por todas, diz o Concílio, actualiza-o agora o Espírito Santo (LG 48).
Como sacramento e Corpo de Cristo, a Igreja é a mediação desta actualização da reconciliação com Deus na História. Como princípio animador de relações de amor, o Espírito Santo anima as relações de comunhão dos membros da Igreja entre si. Ao mesmo tempo capacita a Igreja para ser mediação de encontro e comunhão da Humanidade com o Salvador.
A comunhão dos membros da Igreja entre si, diz o Concílio, é uma forma de participar na própria comunhão da Santíssima Trindade (LG 4). Por nascer do mistério de Deus Uno e Trino a Igreja é mistério de comunhão e sacramento do desígnio salvador e universal de Deus que é um desígnio de comunhão: Reunir todos os homens na mesma e única família dos filhos de Deus (LG 1,4b, 6e,17; AG 2b; GS 40b,41,45a).
4-A Igreja como Comunhão
O mistério da Igreja não cabe em uma única definição, pois são muitos os elementos de que é constituída. Eis a razão pela qual o Concílio fala da Igreja umas vezes como povo de Deus, outras, como Corpo de Cristo e outras como Templo do espírito Santo (LG 17).
A Igreja é, pois, um mistério de Comunhão. O termo quer dizer comunicação de vida e alicerce histórico para edificação da comunhão universal. Trata-se de uma comunhão de vida, de caridade e de verdade (LG 9b). O termo comunhão é o mais apropriado para designar o ser da Igreja de Cristo. O essencial, portanto, não é a sua estrutura, mas a sua essência e o seu mistério, pelos quais a Igreja tem origem e pela qual vive.
O primeiro capítulo da Lúmen Gentium diz que se trata da realidade transcendente da salvação que se revela e manifesta de modo visível na Igreja (LG 8b). Como sacramento da união com Deus, a Igreja é também sacramento da união mútua dos crentes no Espírito de Cristo e fermento de unidade com todo o género humano (LG 1).
Devido à sua dimensão sacramental, a Igreja está na especialmente unida a Cristo como seu corpo. Só com os olhos da fé se pode ver, na sua realidade visível, que ela é também uma realidade espiritual e portadora de vida divina. A Igreja é uma assembleia visível e uma comunidade espiritual.
5-A Igreja como Mistério
Como Corpo de Cristo, a Igreja e Cristo constituem uma unidade sacramental e orgânica. Na sua raiz mais profunda, a Igreja é, por essência, carismática, porque o Espírito santo está na sua origem e a constitui (LG 4a). É o Espírito quem a conduz e a garante na comunhão.
A “instituição” na Igreja, sendo uma realidade humana, tem, todavia, origem no dom sobrenatural do Espírito em ordem à utilidade comum. A Igreja é uma realidade espiritual, mas também social. É ao mesmo tempo uma realidade carismática e também institucional. Tudo nasce de Deus mediante os dons do Espírito Santo. Estes, por seu lado, concretizam-se em ministérios institucionalizados, serviços e funções (LG 4a,7cf,18a; UR 2b) no corpo de Cristo que é a Igreja.
O Concílio do Vaticano Segundo designa a Igreja como sacramento universal de salvação” (LG 48b). É sacramento, isto é, explicitação e mediação da união íntima de Deus com o género humano” (LG 1). Como sacramento, a Igreja é a visibilidade da unidade salvífica que une organicamente a Humanidade com a Divindade, comunidade familiar de três pessoas (LG 9c). Através da Igreja Cristo manifesta e visibiliza o mistério do amor de Deus para com a humanidade” (GS 45a).
A Igreja é uma mediação da salvação pelo que não deve ser entendida como um mecanismo externo a essa dinâmica de salvação. A Igreja exprime na história o acontecimento de Jesus Cristo e a dinâmica da salvação a acontecer na marcha da humanidade pela acção do Espírito Santo. Sem a Igreja, a História Humana estaria profundamente empobrecida, pois estava privada dos horizontes da revelação. Desta revelação brota a consciência teologal, isto é, essa sabedoria que capacita a pessoa para compreender e saborear o sentido da vida, da História e da Criação segundo os critérios de Deus.
Calmeiro Matias
muito obrigada po expor este tema que me foi muito util num dos meus emcontros de catequese,é sempre bom poder contar com a vossa esperiencia.fiquem na paz de cristo...eva silva
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