Darhan, Mongolia
Nascemos para renascer.
Levamos, no mais íntimo do ser, um Eu pessoal, espiritual, a emergir e a crescer.
É como o pintainho a germinar no interior do útero que o abriga, o ovo.
Não somos uma alma estática, vinda de fora,
e introduzida como algo acabado. Deus criou-nos, a fim de nos criarmos.
Começamos por ser o que os outros fizeram de nós.
Não escolhemos a raça, a língua, a família, a cultura ou a nacionalidade.
Encontrámo-nos na vida com estes dados preestabelecidos.
Apesar de não os termos escolhido,
formam o leque dos talentos de que dispomos para a nossa realização.
Somos um Eu pessoal, Interior, em construção.
Emerge como interioridade Relacional, Livre, Consciente, Responsável,
Única, Original, Irrepetível e capaz de comunhão amorosa.
Emerge, no interior de um Eu individual, exterior, Bio-psíquico.
A dinâmica que faz emergir o Eu pessoal, Interior e espiritual,
são as relações com a densidade do amor.
O nascimento do Eu interior é tarefa nossa.
Somos autores da nossa humanização. Ninguém nos pode substituir.
O património primordial, o barro que nos foi dado,
é o leque inicial dos talentos que recebemos.
Nasce mais e melhor quem for mais fiel.
Nascemos para renascer e comungar.
Deus criou-nos para que nos criemos em relações de fraternidade.
Ninguém nos pode fazer. Pretender substituir alguém
é uma violência que impede o outro de se realizar como pessoa.
O Eu individual, e exterior, é mortal.
Envelhece, degrada-se progressivamente,
perde qualidades e termina no cemitério.
O Eu interior, Pessoal e Espiritual, renova-se diariamente.
Emerge de modo sempre Novo. Nasce por obra do Espírito Santo (Jo 3, 6).
A sua plenitude é a Comunhão Universal da Família de Deus.
O Eu pessoal, por ser espiritual, constitui o Homem Novo, o qual faz um com Cristo.
Cresce no interior do homem velho, fruto de Adão.
O eu individual constitui o homem velho.
É carnal, limitado às coordenadas da biologia, do psiquismo,
da raça, da cultura e da espacio-temporalidade.
O eu pessoal está a emergir gradual e progressivamente como interioridade relacional.
Tem a vocação de partilhar a vida em plenitude Universal.
Com a morte do eu individual, o eu pessoal nasce
para a plenitude em coordenadas de universalidade e equidistância.
Torna-se presente a todos os seres pessoais que constituem a Comunhão Universal:
Pessoas Divinas, Pessoas Humanas
e todas as outras que tenham emergido na imensidão do Universo,
fruto da Dinâmica Eterna do Deus Criador.
Nascemos para renascer. Seremos eternamente
segundo decidamos nascer agora.
Quanto mais emergir o eu pessoal,
maior o grau de comunhão na Festa eterna da vida pessoal em comunhão.
O Tempo é-nos dado para renascer.
É a dinâmica da humanização a acontecer:
Emergência do eu pessoal, mediante relações de amor
e convergência para a Comunhão Universal do Reino dos Céus.
O Céu não é um lugar. É estar na intimidade de Deus.
A Divindade é emergência permanente de três pessoas
em plenitude de reciprocidade amorosa.
E nós, como Sua imagem, estamos chamados a partilhar
da Vida comunitária da Santíssima Trindade.
O eu pessoal renasce como capacidade de encontro, diálogo, acolhimento e doação.
Agora, na história, estamos em gestação.
Depois vem a Festa da Vida na qual mais comungará, eternamente,
quem mais se tenha realizado no presente.
Seremos, eternamente, segundo decidamos, agora, Renascer.
É esta a nossa condição: Somos pessoas em processo de Realização.
O eu individual, exterior e mortal, forma o património da hominização.
O eu interior, à medida em que emerge e cresce como interioridade pessoal,
capaz de ser dom e acolher o dom dos outros constitui a pessoa realizada.
É o resultado do processo da humanização.
Para o Homem Novo está em construção. Realiza-se renascendo.
Mas, para isso acontecer, o homem velho, exterior, biológico e psíquico, tem de morrer.
De facto, a força dominante do homem velho é o egoísmo,
o qual, à maneira do remoinho, tende a enroscar a pessoa sobre si,
impedindo-a de renascer.
impedindo-a de renascer.
O homem velho tem de morrer.
Só assim pode emergir o Homem Novo, talhado para a plenitude do Amor.
É agora o tempo de morrer e de nascer.
Depois, é a situação da plenitude, na qual todos podem colher os frutos da vida,
segundo o paladar de cada qual.
De facto, a Árvore da Vida, está no centro do Paraíso:
«No meio da Praça da Cidade, nas margens do rio, está a Árvore da Vida,
a qual produz doze colheitas de frutos. Em cada mês o seu fruto.
As folhas da Árvore, servem de medicamento para todas as Nações» (Apc 22, 2).
A variedade destes frutos são os dons incontáveis do Espírito Santo.
Emergem em cada pessoa, como qualidades ou jeitos de partilhar a vida.
Consagradas pelo Espírito Santo, as qualidades de cada pessoa
circulam em benefício do todo orgânico
que é a Família de Deus, onde somos assumidos, optimizados e plenificados.
Com efeito, apesar da nossa condição de pessoas humanas
somos incorporados na Família de Deus.
O Sangue divino, o Espírito Santo, dinâmica que dinamiza a Comunhão Trinitária,
passa a circular nas nossas “veias”,
vivificando em nós os elos de amor e relacionamento fraterno.
Deste modo atingimos a plenitude: somos divinizados.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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