Entrevista de Ajuda e Direcção Espiritual


Olá! Hoje o texto que partilhamos por aqui é um pouco diferente do normal... um dos serviços aos quais o pe.Santos mais se dedicou foi o da Entrevista de Ajuda, no âmbito da sua formação em psicoterapia. Encarou este serviço como um dos modos principais de actualizar a linguagem da Fé, superando práticas tradicionais de direcção espiritual. Um grande abraço!




a) O Que é a Entrevista de Ajuda
b) Entrevista de Ajuda e Crescimento Pessoal
c) Entrevista de Ajuda e Profetismo


a) O Que é a Entrevista de Ajuda
Não é segredo para ninguém que a chamada direcção espiritual desapareceu praticamente da actividade pastoral dos nossos tempos. A principal razão deste desaparecimento radica no facto de o modelo tradicional da direcção espiritual já não estar em sintonia com o pensar e o sentir das pessoas do nosso tempo.

A entrevista de ajuda espiritual é uma prática pastoral fundamentada nas novas aquisições da psicologia e da antropologia contemporâneas. A entrevista de ajuda não se confunde com a confissão que, por ser sacramento, tem a estrutura de uma celebração de uma celebração da Fé.

A entrevista de ajuda espiritual também não se confunde com a direcção espiritual tradicional, pois esta prática pastoral era, como o seu nome indica, uma prática essencialmente directiva a nível das interpretações e impositiva a nível dos comportamentos.

Na direcção espiritual o padre funcionava como uma espécie de sede da sabedoria que tinha sempre a certeza do que convinha ao penitente. Eis a razão pela qual o director espiritual tinha a missão de indicar ao penitente os procedimentos que este devia seguir para seguir o que era melhor para si. O penitente só tinha uma coisa a fazer: obedecer ao director espiritual.

Procedendo deste modo o dirigido nunca se enganava. Mesmo admitindo a hipótese de o director se enganar, dizia-se, o dirigido nunca se enganava, pois o responsável, neste caso, era o padre. Mas à luz do Evangelho, o principal enganado neste modelo de direcção espiritual era, de facto, o dirigido.

Segundo o testemunho dos evangelhos, Jesus disse que aqueles que fazem apenas aquilo que lhes foi mandado são servos inúteis para a causa do Evangelho: “Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi mandado dizei:”Somos servos inúteis, pois só fizemos o que estava mandado” (Lc 17, 10). Naturalmente que estamos perante uma acusação dirigida aos fariseus, os quais vivam escravizados pelas normas e preceitos da Lei mosaica.

A prática e os ensinamentos de Jesus vão numa linha totalmente diferente: Se aprofundarmos um pouco as atitudes de Jesus verificamos que ele está constantemente em conflito com os fariseus por causa destas normas e preceitos: Sábado; ritos e lavagens de purificação; normas do jejum; convívio e refeições tomadas com os marginais;

Jesus aboliu estas coisas, substituindo-as pelo mandamento do amor: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

No evangelho de São Mateus Jesus declara que o seu procedimento é a maneira de cumprir plenamente a Lei até ao seu último ponto (Mt 5, 17). São Paulo entendeu muito bem este ensinamento de Jesus quando escreveu na Carta aos Romanos: “Servi na novidade do Espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7,6). E na Segunda Carta aos Coríntios, acrescenta: “É ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito. Com efeito, a letra mata, mas o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 6).

O que Jesus quis dizer com este ensinamento é o seguinte: A pessoa que procura viver o seu dia a dia seguindo os apelos do amor terá de inventar e criar atitudes sempre novas, as quais não lhe são indicadas antecipadamente por normas ou preceitos (... Ler o Texto Completo ...)

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